Erro
por medo ou tenho medo do erro? Na dubiedade reside o medo como palavra
significativa, até que eu tenha o controle dos sentidos e do ato. Pedro Du Bois
escreve que “O erro e o medo andam /
juntos nos procuram / em ambientes escusos / erramos por medo / e temos medo do
erro //... juntamos o medo ao erro no que repetimos / cada vez que procuramos
consertar os erros / e não morrer de medo.”
Saliento
que o mundo, como o vejo, se apresenta em “loucuras” diárias e
sensacionalistas, o que me assusta. As pessoas com passos rápidos passam de
suas vidas diárias para a solidão, ao se distanciarem do caminho da chegada.
Receio que o medo está instalado.
Vejo
provocações sem bloqueios, sobre vidas machucadas através de histórias
erroneamente contadas como verdadeiras. O desatino pelo dinheiro. O que me
remete ao medo, no momento em que escuto a música me tornar passado. Tento
gritar para não me sentir presa em mim, escondida no rosto rasgado em vidas
consentidas. Não tenho a verdade do mundo, mas, a angústia no silêncio que me
amedronta.
O
medo simboliza, em mim, o fim do caminho na descontinuidade dos sentidos; a
escolha escondida da verdade e o ciúme acabando com os minutos de lembranças,
onde meu coração arteiro costumava brincar de viver.
Miguel de Cervantes escreveu, “O medo que tens – disse D. Quixote – faz,
Sancho, que não vejas nem ouças direito, porque um dos efeitos do medo é
embotar os sentidos e fazer com que as coisas não pareçam o que são...”
Por
ter medo do erro, desisto dos sentimentos e fico frente à visão do horizonte,
em movimentos desordenados; choro quando o dia começa. Como expressa João
Guimarães Rosa, “... um medo constante,
acordado e dormindo, anoitecendo, amanhecendo.”
Tem
horas que meu erro me cala ao demonstrar o meu desassossego ao espiar, pela
cortina da janela, a vida contida em que me aprisiono pelos ciúmes na vida
revolvida.
O
medo atrapalha o meu sono e, ao mesmo tempo, me faz desperta diante da vida. Escuto
murmúrios na minha cabeça e vejo folhas secas, fosse o medo no relacionamento
escurecido pelos ciúmes. Nas palavras de Pedro Du Bois, “Teceria o pano / em que guardaria / suas vergonhas // fosse o linho
cru / fosse o algodão cru / fosse o corpo nu // ... a vergonha restabeleceu a
verdade / dos medos e das vontades / que nos acompanham.”
Sou
feita do medo opaco, no descompasso do que não entendo: erro por medo ou tenho
medo de errar?
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