Vou de mim mesmo. Vou seguindo nas sombras cinzentas dos edifícios amanhecidos
de tortura humana. Componho palavras desajustadas a espera que algo possa
acontecer a esses sofríveis emaranhados desejos. Furtos sentimentos paranoicos
esquizofrênicos, melodramáticos, e outros cambaus a quatro. Piso asfalto rugoso
cheirando a pele suave da cidade que amanhece regurgitando baforadas de
gasolina e veneno alcoólico da madrugada. Levo-me a encontrar o eu que
não sou. Vomito a excrescência do parto natimorto ejaculado displicentemente.
Gritam profetas da sabedoria universal sem entender a sabedoria individual.
Somos perdidos nos escombros de nos mesmo. Choram profetas da verdade as
mentiras estampadas nos rostos dos tecidos mal tecidos. Nas fibras das
peles emudecidas de medo enregelando vidas. Profetizam anátemas suicidas contra
o sistema ejaculado entre pernas sedentas. Profetas de merda escorrem feridas
pustulentas de palavras vazias, de palavras com a neurose vencida. Profetas que
te quero longe de mim.
Escalo a escala emocional revelando-me nos
acordes dos meus passos indecisos. Pontuo cada gesto na conformidade musical da
sonora avenida. Rasgo-me nos timbres graves silenciosos cujas bocas anseiam
beijos esquecidos. No alegre ma non troppo vou criando o libreto da ópera da
minha vida.
Garanto será a pior ópera de todos os tempos.
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário