dedicatória anônima
Se pudesse, talvez, teria pulado do parapeito e esquecido da varanda, para evitar haver, momentaneamente, o que ser dito. Porque ele a levara até lá, guiando-a pelo frágil pulso. E as palavras – dela – vieram aos poucos, só puderam vir aos poucos, sendo que tudo o que mais desejou, enquanto falava, era que ele não tomasse as suas mãos, (porque, úmidas, tremiam). Um sol, desses de cair de tarde, pintava o redor e passava despercebido – tomados que foram no detalhe, apenas, a desviar o fio narrativo. Ao passo que ele se aproximava cada vez mais dela, e ela, por sua vez, conciliando a fala com o esquivar-se, chegava mais perto do parapeito, como quem quer distância do medo ou do pavor, e curva as costas para trás, buscando. Quando ele a interrompeu, e falou com uma frase amena, ela engoliu seco e esforçou-se na expressão de uma tranquilidade conquistada. Porque tinha que ter o controle aparente sobre o corpo, e a alma – piegas observação – seguiria pela sombra, sem ser noticiada. E mais e mais; ele falava e seu corpo (involuntariamente; é possível) se aproximava do dela, imóvel estrutura contra o parapeito. Pois que ela ouvia. Sem palavras que fossem suas, assim, não ousava movimento, e então descobriu que precisava responder, para poder dominar um pouco melhor o espaço. Tendo falado, por conseguinte, alguma qualquer outra coisa, uma pergunta da insegurança, coisa vaga ela falou. Enquanto que ele rapidamente elaborava uma resposta. (O estreito dividir da varandinha, era preciso realmente reagir...) Se pudesse, talvez, teria pulado do parapeito e esquecido da varanda, pensou. Mas pensou só quando tarde já era e não estava mais ali. O tempo decorrido, o dia indo longe, como distante paragem. E depois, tudo: aquela conversa que sequer recordava como terminara ou por quê, o parapeito de fuga, apenas tendo marca do vivido, naqueles moldes de adultério de certezas...
(Latejou temporariamente uma dor, ferida que nunca cicatrizara, porque devia ser amor aquilo, mas não cabia palavra nenhuma ali.)
Se pudesse, talvez, teria pulado do parapeito e esquecido da varanda, para evitar haver, momentaneamente, o que ser dito. Porque ele a levara até lá, guiando-a pelo frágil pulso. E as palavras – dela – vieram aos poucos, só puderam vir aos poucos, sendo que tudo o que mais desejou, enquanto falava, era que ele não tomasse as suas mãos, (porque, úmidas, tremiam). Um sol, desses de cair de tarde, pintava o redor e passava despercebido – tomados que foram no detalhe, apenas, a desviar o fio narrativo. Ao passo que ele se aproximava cada vez mais dela, e ela, por sua vez, conciliando a fala com o esquivar-se, chegava mais perto do parapeito, como quem quer distância do medo ou do pavor, e curva as costas para trás, buscando. Quando ele a interrompeu, e falou com uma frase amena, ela engoliu seco e esforçou-se na expressão de uma tranquilidade conquistada. Porque tinha que ter o controle aparente sobre o corpo, e a alma – piegas observação – seguiria pela sombra, sem ser noticiada. E mais e mais; ele falava e seu corpo (involuntariamente; é possível) se aproximava do dela, imóvel estrutura contra o parapeito. Pois que ela ouvia. Sem palavras que fossem suas, assim, não ousava movimento, e então descobriu que precisava responder, para poder dominar um pouco melhor o espaço. Tendo falado, por conseguinte, alguma qualquer outra coisa, uma pergunta da insegurança, coisa vaga ela falou. Enquanto que ele rapidamente elaborava uma resposta. (O estreito dividir da varandinha, era preciso realmente reagir...) Se pudesse, talvez, teria pulado do parapeito e esquecido da varanda, pensou. Mas pensou só quando tarde já era e não estava mais ali. O tempo decorrido, o dia indo longe, como distante paragem. E depois, tudo: aquela conversa que sequer recordava como terminara ou por quê, o parapeito de fuga, apenas tendo marca do vivido, naqueles moldes de adultério de certezas...
(Latejou temporariamente uma dor, ferida que nunca cicatrizara, porque devia ser amor aquilo, mas não cabia palavra nenhuma ali.)
Imagem: autor ignorado
2 comentários
Bruna,
Um duelo das idéias, luta de esgrima, vai crescendo em intensidade, para culminar nas últimas duas frases: Gostei Muito!
"Nada do que já existe retorna, porque simplesmente: há"
Olá, Jorge!
Obrigada pela leitura e comentário =) Fico feliz que esse lado do duelo, da luta, tenha aparecido. É realmente parte integrante do texto.
Um abraço!!
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