segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

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Geraldes de Carvalho

Se


Se eu vestisse ao pensamento
um sonho que esvaísse com o vento.
Se eu exalasse a luz e a alegria
que exala o sol à hora do meio-dia.
Se eu amasse doce e com carinho
tudo o que sofre e é pequenininho.
Se eu fosse eu assim simples e puro
como um bebé ainda prematuro.
Se eu tivesse aqui, aqui ao peito
uma rosa que a beijar me desse jeito.
Se eu não usasse as palavras raras
só as que todo o mundo achasse claras.
Se eu tivesse um som puro e magoado
para gritar meu verso em todo o lado
Se eu me deitasse à noite em minha cama
e dormisse assim como o Gautama
sonhando que entendia o universo
e o universo me entendia a mim.

Poderias amor
amar-me assim
sem pena sem rubor
Assim, assim.


Geraldes de Carvalho
de 95 poemas de muito amor e alguma futilidade

[ Sobre o autor, leia aqui ]

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