sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

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O cavalo - Betusko

há um cavalo morto na estrada
é a sombra de um lamento
é o segmento profundo do cárcere
é o ronco de turbina
é o rancor de águia ferida
é um corpo enorme, tombado,
negro, morto e necroteriado

os abutres avançam logo
estraçalham, estilhaçam a carne
a crina ainda brilha
o brilho do sol é intenso
perto da estrada,
o cemitério ergue suas cruzes sombrias
suas frias lajes mortuárias

há um cavalo morto na estrada
para a alegria de alguns
para a tristeza de outros
há um pranto no pasto
há um canto no terraço
há uma vela amarela
é o cavalo caído, morto na estrada.

2 comentários

sonia regina

Chegou?! Postou?!
Nossa, caramba, Betusko, tava com medo que tivesse se afogado nessa chuva que não pára por aí...

BEM-VINDO!
ESTOU MUITO, MUITO FELIZ!

Ps. Pôxa, parece até o filho pródigo...*rs

Fico devendo o comentário...

Márcio Ibiapina

Coisa boa Betusko, esse teu poema me evocou dois clássicos da literatura: a pedra drummoniana no meio do caminho e o conto "Uma vela para Dario" de Dalton Trevisan. Grande abraço,
Márcio Ibiapina