Os olhos azuis brilhavam encantando a mãe. Como farois iluminavam o berço para o deleite do irmão mais velho, até então filho único. A garotinha chegou deixando em festa a casa grande da fazenda. E passou a ser atração nas redondezas pela beleza rara.
O pai mostrava sorriso largo sempre que trazia a bonequinha Íris para junto do peito. Abraçava, beijava, embalava até a princezinha cansar e dormir feliz. Choro era apenas para avisar que estava na hora de mamar. O leite farto da mãe alimentou a filha até depois dos 2 anos.
Íris veio como um presente especial para Pedro, 32 anos, e Francisca, 28. Casaram-se quando mal se despediam da adolescência. Ele, aos 21, dono de um pequeno sítio herdado do pai. Ela, aos 19, costureira de mão cheia. Os dois se dedicavam ao trabalho para viver de forma decente.
Pedro Júnior nasceu um ano após o casamento. Era o príncipe de olhos castanhos que encantava as meninas da vizinhança. O desejo era construir uma grande família, mas o destino não quis assim. Passaram-se 11 anos até a chegada de Íris.
Os pais tinham perdido a esperança de ter nova criança em casa. Mas certo dia Francisca percebeu que estava grávida. A notícia logo se espalhou. Teve início a torcida para Deus mandar uma menininha. O nome foi escolhido. E o enxoval - rosa, amarelo e branco - traduzia a felicidade na casa.
Íris chegou em fevereiro de 1940 e logo, logo, exibiu o sorriso contagiante. Antes de completar 1 ano já estava caminhando. Mas aos 3 ainda não falava preocupando os pais. Foi aí que o médico da família constatou a surdez da caçula de Pedro e Francisca.
A tristeza só não foi maior porque os olhos da menina irradiavam luz por onde passava. Os pais cercaram a filha de carinho para que ela crescesse feliz. Os farois de Íris brilham como água marinha. Seus lindos olhos falam. (Foto: Flickr)
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