a
Com seus amplos óculos escuros, já não temia mais o nascer do sol.
Sua única dificuldade era disfarçar as presas à luz do dia.
aB
Na lua cheia, o que menos incomoda é a metamorfose.
A alergia às pulgas & ao pelo é a sua verdadeira maldição.
aC
— Vi um terráqueo! — ele disse.
A platéia de aliens, mais uma vez, não acreditou.
aD
Cansada dos séculos, a Esfinge, suicida, lança novo desafio:
— Decifra-me ou me devoro!
aE
Festão, hidras basiliscos harpias bebendo cerveja fumando charutos.
A Realidade, que não fora convidada, acabou com tudo a tiros.
aF
Combino palavras com muito silêncio.
Poucas palavras.
As palavras que gritam.
aG
Hoje encontro no espelho um rosto de ontem.
Aquilo que fui.
O sorriso que dei.
Ainda bem.
Triste é o espelho que revela o que vai ser.
aH
Troquei o sorriso pela felicidade.
E a felicidade era tanta que eu precisei sorrir.
Mas já não havia como.
aI
Sua primeira palavra na vida:
— Voltei!
Sua última palavra na vida:
— Voltarei!
aJ
Na esquina dos insultos, até os mudos trocam silêncios grosseiros.
aK
— Vou!
— Não vai!
— Volto, então.
— Não pode.
— Por quê?
— Porque não foi.
aL
Uns colecionam estrelas, primaveras.
Outros, sorrisos e abraços.
— Bando de loucos! — berram aqueles que só colecionam a razão.
aM
Sob o sol, bem na curva do vento, ele perdeu a sombra – cem metros depois de ter perdido o juízo.
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