terça-feira, 9 de março de 2010

0

Gaivota - José Gil

José Gil.  













ao Teatro de Tchecov e da Cornucópia     


no branco da rosa onde construo o coração, o rosto  
e a representação das ondas numa lista de novos  
pecados, a revolta é a obrigação natural da virtude   
dos jovens em Paris e aqui onde em cinco naufrágios  
tudo o que é novo habita a precariedade do crepúsculo.   
passeio no jardim dos moinhos do restelo, escrevo pão
toda a poesia sincera é medíocre, não quero escrever mais.
E quero escrever com a sinceridade de um poeta que se
levanta e deita sem mudar o rosto, a vela, a musica, a luz
e sobretudo Deus. Quero mesmo deixar de escrever.
e escrevo como uma bandeira daha, dhaa, dah em molhe
de bandeiras negras de outra efemeridade como o Sena.
na rosa branca corro na pétala como um rio. E não quero
correr mais. e vou correndo em cada minuto. há que conhecer
as coisas simples, ser vendedor ambulante , brincar com as identificações
gráficas dos partidos, a arte e os poderes. E não ter centro nenhum.
nem uma gaivota por dentro da sociedade politica do vidro. mas não
é transparente. e lê-se tudo por dentro e por fora onde o coração
ainda se constrói. vê-se mesmo de dentro o que vai por fora. e não se
vê de fora o que vai por dentro. é a hipocrisia destes vidros foscos.

deixo apenas junto à rosa a minha mão melancólica, deito-me a
escrever na intersecção entre a arte visual e sonora. o fotografo
chega e rouba o tempo, fixa, dispara, o pêndulo entre as duas
águas do mar, fragmentos de sementes no café-in onde as batalhas
são invisuais e a alma dos homens sopra na flor da rosa a democracia.


Imagem: Roberto Bigas

Leia mais em http://nanquin1.blogspot.com/

Seja o primeiro a comentar: