domingo, 28 de março de 2010

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para dizer adeus - nanamerij.

nanamerij.

( para o irmão que virou horizonte)


























foi ele ...
quem plantou esse embondeiro dentro de mim
ensinou-me a beber do sumo para engordecer alma
no tempo em que a vida corria azul sobre nossos dias

foi ele...
quem colocou em minha boca esse gosto de geografias
essa fome insaciável por descobrimentos de terras longínquas

foi ele...
quem escreveu minhas cartas de navegação
e esse querer absoluto de ser mar e navio

agora...
com um precipício dentro do peito
quando ausência ultrapassa o grito
quando a lua envelheceu
quando extinta a primavera

quem juntará meus fragmentos:_como puzzle?

por todos os deuses:
amordacem as sirenes
aquietem os sinos do convés
apaguem o marulho das vagas
calem esse silêncio salitre do adeus

quero somente cerrar as pálpebras dessa dor
quero purgar-me nas sombras do meu baobá
quero sangrar os versos até o suspiro final da poesia:
- porque para a morte não há metáfora!




Imagem: Rege Curtin

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