domingo, 11 de abril de 2010

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A Dama do Metrô - 5

Osvaldo Pastorelli.


Ninfomaníaca? Ela uma ninfomaníaca diziam as amigas. A primeira vez que viu essa palavra foi no filme Teorema, de Pasolini. Mas no filme a personagem torna-se ninfomaníaca para ficar mais perto do Anjo que a seduzira. Com isso tinha, cada vez que dormia com um rapaz, o Anjo que ela não podia ter mais. Era uma maneira de se santificar.
O que as amigas não entendiam era o furor uterino que não a deixava sossegada. Precisava aplacar essa desenfreada patologia uterina.
Acendeu um cigarro. Soltou uma longa baforada. Tomando seu chope tranqüilamente observava os pedestres em seus afazeres burocráticos ou porque tinham aonde ir. Cansada da insana noite, queria no momento dormir. No entanto, sentada na lanchonete, ouvindo conversas esparsas, prestando atenção aqui e ali, no fundo, as amigas, tinham um quê de verdadeiro. Sentia necessidade de provocar a sexualidade alheia, principalmente à masculina. Era um desafio que propunha a ela mesma sair vencedora. Até o momento, achava-se vencedora.
Não tinha um Anjo, ou dizendo mais literariamente, não tivera um Anjo que a seduzira. Talvez sua primeira aventura? Não, não foi e nem poderia considerar como sendo, porque o caráter da sedução era outro, tinha um outro propósito. No filme o Anjo simplesmente apareceu e abriu os olhos da personagem, demonstrando a ela, a vida monótona e insípida em que vivia. Enquanto que ela, não tinha e não precisava de um Anjo para abrir os seus olhos. Não tinha uma vida monótona e insípida, sua vida foi sempre cheia de aventura...




Imagem: Nancy Torres

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