[Chora/mas não esqueças]
Última estrofe do poema de Mario Benedetti, poeta uruguaio, lido pelo Ministro Grau ao final de seu relato.
(na íntegra , abaixo)
O Ministro Eros Grau do STF julgou improcedente a ação da OAB que questiona o art 1 da lei de Anistia. Amanhã às 14 h a Suprema Corte se reunirá para que votem, os demais membros.
Direto da Corte Maior a TV me trouxe, além das imagens, as palavras. E eu compreendi: não há chances para ações posteriores.
Poderia ser lido, no relato do Ministro, um apontar para alguma brecha? Não sei.
Direto da Corte Maior a TV me trouxe, além das imagens, as palavras. E eu compreendi: não há chances para ações posteriores.
Poderia ser lido, no relato do Ministro, um apontar para alguma brecha? Não sei.
Bem fundamentado, o histórico em seu relato registra, senão todas, as inúmeras vezes em que o Brasil concedeu anistia aos dois lados, nos levantes políticos; assinala o Brasil não ter assinado nenhum acordo internacional ratificando a não-prescrição de crimes políticos; sublinha que a Constituição e a Emenda Constitucional 26 reiteram a validade da Lei da Anistia para todos.
Quanto a ela, portanto, nada há a fazer: pela lei de Anistia os torturadores estão perdoados.
Pedindo que não nos esqueçamos, um emocionado Ministro Eros Grau conclui sua preleção lendo, em espanhol, o poema "Hombre preso que mira a su hijo", de Mario Benedetti (trascrito abaixo).
Desligo a TV, mas não desligo o negror do país: é impossível. O Brasil cobre os assassinos e o luto do povo continua.
Quanto a ela, portanto, nada há a fazer: pela lei de Anistia os torturadores estão perdoados.
Pedindo que não nos esqueçamos, um emocionado Ministro Eros Grau conclui sua preleção lendo, em espanhol, o poema "Hombre preso que mira a su hijo", de Mario Benedetti (trascrito abaixo).
Desligo a TV, mas não desligo o negror do país: é impossível. O Brasil cobre os assassinos e o luto do povo continua.
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para entender melhor o que se passa e do que se trata, acesse no site www.ambito-juridico.com.br o artigo A imprescritibilidade dos crimes políticos e a não recepção da Lei de Anistia pela Constituição da República de 1988
_____________________________________________________________________________*Hombre preso que mira a su hijo
Mario Benedetti
Cuando era como vos me enseñaron los viejos
y también las maestras bondadosas y miopes
que libertad o muerte era una redundancia
a quien se le ocurriria en un país
donde los presidentes andaban sin capangas.
Que la patria o la tumba era otro pleonasmo
ya que la patria funcionaba bien
en las canchas y en los pastoreos.
Realmente no sabian un corno
pobrecitos creian que libertad
era tan solo una palabra aguda
que muerte era tan solo grave o llana
y carceles por suerte una palabra esdrújula.
Olvidaban poner el acento en el hombre.
La culpa no era exáctamente de ellos
sino de otros mas duros y siniestros
y estos si
como nos ensartaron
en la limpia república verbal
como idealizaron
la vidurria de vacas y estancieros
y como nos vendieron un ejército
que tomaba su mate en los cuarteles.
Uno no siempre hace lo que quiere
uno no siempre puede
por eso estoy aqui
mirándote y echándote
de menos.
Por eso es que no puedo despeinarte el jopo
ni ayudarte con la tabla del nueve
ni acribillarte a pelotazos.
Vos ya sabes que tuve que elegir otros juegos
y que los juegue en serio.
Y jugue por ejemplo a los ladrones
y los ladrones eran policias.
Y jugue por ejemplo a la escondida
y si te descubrian te mataban
y jugue a la mancha
y era de sangre.
Botija aunque tengas pocos años
creo que hay que decirte la verdad
para que no la olvides.
Por eso no te oculto que me dieron picana
que casi me revientan los rinones
todas estas llagas hinchazones y heridas
que tus ojos redondos
miran hipnotizados
son durisimos golpes
son botas en la cara
demasiado dolor para que te lo oculte
demasiado suplicio para que se me borre.
Pero también es bueno que conozcas
que tu viejo callo
o puteo como un loco
que es una linda forma de callar.
Que tu viejo olvido todos los números
(por eso no podria ayudarte en las tablas)
y por lo tanto todos los teléfonos.
Y las calles y el color de los ojos
y los cabellos y las cicatrices
y en que esquina
en que bar
que parada
que casa.
Y acordarse de vos
de tu carita
lo ayudaba a callar.
Una cosa es morirse de dolor
y otra cosa es morirse de verguenza.
Por eso ahora
me podes preguntar
y sobre todo
puedo yo responder.
Uno no siempre hace lo que quiere
pero tiene el derecho de no hacer
lo que no quiere.
Llora nomas botija
son macanas
que los hombres no lloran
aqui lloramos todos.
Gritamos berreamos moqueamos chillamos
maldecimos
porque es mejor llorar que traicionar
porque es mejor llorar que traicionarse.
Llora
pero no olvides.
2 comentários
Sonia.
Exceto a lei do amor, todas as demais são complicadas de entender.Concordo que o luto continua. Os culpados, se não são penalizados, viram inocentes. Dura lei da vida.
Acredito, todavia, que não só nós que temos a alma enlutada, pois os bandidos já são prisioneiros em suas próprias entranhas. Não esqueçamos que é fácil enganar o estômago, o difícil é enganar o coração. E,em todos, bons ou maus,bate um coração que um dia pode ficar a sangrar pela dor de um pecado cometido.
Estou contigo nesse divã, mas, na certeza, que é quase impossível seu humano... num mundo de desumanos.
Por enquanto sigamos em frente...já que sempre existe um fiapo de esperança no amanhã.
Beijos
Noélio A. de Mello
Penso que nada comentei porque nada mais há a dizer, Noélio, você disse tudo.
Obrigada pela leitura, amigo, pelo comentário.
bjs da sonia
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