quinta-feira, 15 de abril de 2010

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Três revelações na primeira quarta-feira de dezembro Parte II: em busca das pistas de Deus (os últimos serão os primeiros)


Mais tarde, quando já estavam secos os talheres do almoço, veio a promessa de que, no próximo ano, poderemos ascender as velinhas e comemorar a inserção do Brasil no mercado intergaláctico. Ao menos foi o que nos garantiu o presidente Lula, após visita à Ucrânia, nossa sócia no lançamento de foguetes e satélites a partir da base de Alcântara, no Maranhão.
Se a notícia não foi suficiente para embuchar alguns milhares de bocas país afora, creio que a cifra do investimento deu conta do recado: US$ 100.000.000,00. Sei que, a princípio, o valor dos gastos poderia parecer despropositadamente astronômico, porém, vale lembrar que, como todo relacionamento moderno, racharemos a conta ao meio. Bem melhor assim, já conforta um pouquinho saber que, ao  invés de 100 milhões, somente a simbólica quantia de 50 milhões de dólares deverá ser subtraída de nosso orçamento.
Mesmo assim, receio que, para muitos, a despesa ainda se configure avolumada; mas, para esses, recomendo cautela, afinal, é preciso investigar a genética do cavalo antes de julgar o valor de seus dentes. Apesar disso – considerando os zeros do número – eu seria capaz de apostar que tem muito entendido em cavalo, por aí, não conseguindo atinar por que cargas d’água estamos a nos meter com foguetes, satélites e outros objetos voadores identificados.
Segundo dizem, as intenções do Brasil são, principalmente, de cunho financeiro: desejamos colocar em órbita satélites e foguetes comerciais que auxiliem na segurança do espaço aéreo, na medição metereológica e nos sinais de comunicação. Com isso, estimamos um lucro de US$ 10.000.000.000,00 nos próximos oito anos – rachando ao meio, 5 bilhões de dólares para cada país. Resultado nada mal para um investimento em médio prazo; entretanto, digam o que disserem: eu não acredito!
Os mais audazes não hesitam em apontar os incalculáveis benefícios tecnológicos resultantes da experiência; sem dúvida, passo imprescindível para qualquer um que anseie conquistar o seu lugar no espaço do primeiro mundo. Todavia, é preciso muita coragem para acreditar que, no país do futuro, investimentos dessa ordem possam ser norteados por interesses inerentes ao desenvolvimento científico.
Por tais razões, embora eles não admitam, tenho motivos para desconfiar de que, na realidade, encontramo-nos diante de um projeto de espionagem. Coisa dos fundamentalistas cristãos, que desejam, a qualquer custo, substituir a antiga explicação evolucionista de Charles Darwin pela, mais antiga, doutrina criacionista. E como as escavações na terra santa – onde se esperava encontrar algum protótipo de barro descartado no momento da criação – resultaram em fracasso, o último recurso encontra-se no envio de satélites para tentar, em algum golpe de sorte, capturar imagens da atuação divina.
Novidade mesmo é o interesse do Brasil por tais transações. Evidentemente, conforta um pouco saber que, mesmo com algumas décadas de atraso, posicionamo-nos ao lado dos soviéticos nesta corrida pelo espaço. Agora, quanto ao custo de tal atuação, tenho lá as minhas ressalvas: se for para desfalcar os cofres públicos com vias a um investimento comercial, acho que o negócio não vale a pena, afinal, não apenas temos a experiência de uma explosão como já sabemos que as Américas estão repletas de americanos desleais; por outro lado, se o desfalque tiver como intuito o fomento da investigação científica, estou disposto a fazer o sacrifício e arriscar; agora, se for para tentar seguir os passos de Deus, não me oponho que se gastem 50 ou mesmo 100 milhões de dólares, pelo contrário, nesse caso, proponho até que a quantia seja revertida em doação – afinal, por mais que haja zeros no mundo, não há valor que supere o conhecimento do menor pinguinho da nossa criação.
Avante Brasil!

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