sexta-feira, 14 de maio de 2010

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Cancioneiro - Pablo Flora

Ah, uma canção!
Uma canção que caiba nos
arcos da amada
e a leve lépida e
úmida aos meus braços.

Uma canção que se
transmude em tudo
e que em tudo saiba se pôr
para poder amar em
cada falta, e amar para poder
ser plena, e transpassar.

Ah, uma canção como
o sorriso da amada
rompendo na alvorada
e apascentando as leves

luzes do gozo.

Uma canção como o
passeio dos seixos na
praia branca se modulando
a tudo quando

a tudo vão à mão da aragem
em crepitações musicais.

Ah, uma canção nua como
os seios da amada em
repouso sobre mim
feito as passifloras
no jardim repletas de calma.

Uma canção que se
saiba chegar para poder se pôr
para poder cantar
no ser soturno e desatento,
e crescer-lhe a alma em
comoção à partitura celeste.

Ah, uma canção rearranjada,
renovada e sem norte,
mas que se acomode inopinada
em cada cômodo
solitário para iluminá-lo.

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