sábado, 1 de maio de 2010

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Minha Mãe - Paola Rhoden





As mães são sempre o foco dos sentimentos que o homem coloca em evidência. Alguns poetas eternizaram em seus versos amores filiais únicos, que o passar dos anos não envelheceu. Deixaram apenas de serem atuais.

Hoje ainda a grande maioria dos filhos dá à suas mães um carinho especial. Mas existem aqueles que deixam o coração materno apenas na tristeza da espera.

Minha mãe tinha duas datas do ano que ela se dava ao luxo de dedicar a essa esperança, a de ter a presença dos seres que pôs no mundo. O dia de seu aniversário e o dia das mães.

Logo cedinho pulava da cama, vestia-se esmeradamente, perfumava-se e ficava esperando. Como alguns dos filhos moravam longe, ela postava-se ora próximo ao telefone, ora na varanda que dava para o portão de entrada. E assim passava mais um aniversário ou um dia das mães. Nunca ligavam ou a visitavam.

Quando chegava a noite, bem tarde, ela levantava-se de onde estava, olhava para mim e dizia: ‘Acho que ninguém mais vai ligar. Vou dormir. ’ E de cabeça baixa com os olhos tristes, entrava para seu quarto e ia rezar.

1 Comentário

Pablo Flora

E isso é uma verdade sobre as mães... quando nao tem mais jeito, quando a espera não adiantou, vão para o quarto rezar...
Parabéns pelo texto!