domingo, 2 de maio de 2010

2

A Dama do Metrô - 7

Osvaldo Patorelli.

Imagem: Nancy Torres.


Hoje ela estava preparada. Antes de sair conferiu: saia, blusa, calcinha, meia, sapato, cabelo, lábios pintados em fim, tudo como havia programado.
Descobriu que saindo um pouco mais tarde, pegaria o metrô mais cheio, o pessoal mais decente, trabalhadores de paletó e gravata e, não trabalhadores da construção; não era preconceituosa, queria tentar os engravatados, ganham bem, com aparência de serem importantes, talvez até fisgasse um endinheirado, quem sabe – pensou ao entrar no trem rebolando propositadamente.
Morena de seios fartos, cabelos cacheados, exalando sexualidade, não passou despercebida. Com seu jeito bem feminino, conseguiu ficar no corredor, entre um rapazola e uma senhora já meio que passada.
- Essa é você amanhã, pensou ao passar pelas costas da senhora.
Sorriu maliciosamente para o rapaz, com seus dezoitos anos mais ou menos, calculou ela. Estupefato com tamanha beleza sorrindo para ela, o rapaz engoliu a saliva, e retribuiu o sorriso sem jeito, engasgando sem saber se falava ou continuava sorrindo.
- O melhor é ficar na minha, convenceu-se timidamente.
Ela se achegou mais para o lado dele.
- Meu Deus, que morena. Se eu contar para os manos eles não vão acreditar.
Grudado a ele, notou por cima do vestido a maciez da pele dela. Tremeu excitado. Forçando, ela conseguiu ficar na frente do rapaz roçando os seios em seu peito. Notou a gravata bonita, o terno bem passado, cabelos cortado bem baixo, pensou:
- Hum, rapaz novo, em ascensão de carreira, deve ganhar razoavelmente bem.
Percebeu a excitação. Tremia, começou a suar, não sabia o que fazer. Sua mão esquerda roçava nas coxas dela. Provocando-o encostou o joelho entre suas pernas. Vermelho o rapaz tentava se controlar, percebeu, não conseguiria se conter. Seus olhos não desviavam dos seios dentro de um decote provocante. Ela levou a mão na perna e, lentamente, foi subindo por dentro da coxa dele. Nisso, o rapaz fez uma careta exclamando:
- Não, por favor pare...
- Seu nojento, fraco, doente, vá procurar um médico, tarado, gritou ela.
E deu um empurrão no rapaz que, todo vermelho, acanhado, tentava esconder a enorme mancha escura que se formou na calça cinza claro.


pastorelli




2 comentários

Pablo Flora

Embora eu não tenha acompanhado desde a primeira parte, desta parte 7 eu presencio e reconheço toda a sensualidade e maestria que tens com as palavras. Adorei o conto! Vou procurar ler as partes antecessoras. Abraço!

Anônimo

Pablo, obrigado pela leitura, espero que goste, não só das partes anteriores, como das posteriores. abraço e sucesso.