sexta-feira, 28 de maio de 2010

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prólogo para o canto do humano - jorge vicente



1.
no início, o poema disse:
faça-se o humano
e construamos uma casa onde possa morar

de seguida, criemos os vasos
que comunguem dos versos [veias]
e alimentemos de memória
todas as células do corpo

finalmente, colocaremos as mãos
sobre o peito e dançaremos
os arquétipos [história]

e diremos que nada é tão perfeito
como a roda que se alimenta
das mãos

que erguem.


2.
a água evoca,
mas não oscila

e o riso perene das criaturas
é o riso do verso ainda por vir,

dos limites da terra,
os limites do corpo,
do corpo ainda fechado
e sem forma,

um canto inconcluso
de giesta
nas margens sorrateiras do aluvião.





Imagem: Katja Faith

4 comentários

Betusko

E seja feita a luz dos belos poemas, como este.
Abraços

Amélia

Gostei de te ler também aqui.Beijos

jorge vicente

Muito obrigado, Caro Betusko!!

Grande abraço. Com muita luz!
Jorge

SÔNIA PILLON

Poeta do Algueirão, essa poesia é tão bela! Leve como uma pluma esvoaçante, oscilando entre as nuvens do céu e a firmeza da terra... Sublime!