segunda-feira, 28 de junho de 2010

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Clarissa - Primeiro Capítulo

(Este conto é uma adaptação para Folhetim de um trecho do livro de Paola Rhoden,  "Dezessete Anos",  editado em 2008)

Era noite e quase na hora dele chegar. Diante do espelho Clarissa olhava a imagem refletida e gostou do que viu. Os cabelos castanhos longos e sedosos caíam nas costas em ondas abundantes, realçando o belo rosto oval, onde brilhantes olhos verdes tinham uma expressão enigmática. O decote tomara-que-caia do vestido verde musgo, que ia quase até o joelho, mostrava o início de seios fortes e firmes. Os saltos muito altos da sandália valorizavam as longas pernas bem torneadas. Era uma linda mulher!

Estava concluindo a produção que fazia cada vez que saía para a missão que se impôs: Matar!

Ela preparava suas vítimas com dois meses de antecedência, para que tudo desse certo e não houvesse surpresas desagradáveis na hora H.

O de hoje era o quarto da série. Era um homem casado, proeminente no ramo de negócios da capital do Estado. Safado como tantos outros. Traía a mulher e dava maus exemplos constantes ao filho de dezoito anos, que já seguia seus passos em várias falcatruas. Justiça lhe seja feita, dava a Clarissa tudo o que pedia e mais um pouco. O belo e caro vestido que estava usando, fora presente dele no dia anterior, quando marcaram esse encontro. Mal sabia ele que seria sua última façanha.

Olhou mais uma vez para o espelho e saiu decidida como sempre.

Um elegante carro último tipo a esperava na entrada do prédio. Clarissa entrou e deu um beijo de bom dia no bem vestido e cheiroso homem ao volante. O carro arrancou suavemente em direção ao mar, mais precisamente próximo às rochas atrás do sítio onde ficavam os restaurantes e motéis da moda, para onde ia com seus escolhidos no dia programado para matá-los. Eles sempre concordavam com a escolha, porque durante o tempo de preparação ela deixava que eles escolhessem os locais para namorar. Só no último encontro é que ela fazia aquele beicinho e dizia:

- Posso escolher para onde iremos amanhã? Só uma vez?

E os caras, naquele último dia, deixavam por conta dela o local onde, sem saber, iriam para a morte.

Inteligente e bela, Clarissa fazia dos homens o que queria.
Mas, nem sempre ela fora assim.

1 Comentário

Pablo Flora

Está muito bom!! Não pare!