As crianças que se estendem nas clareiras da terra
dormem sob o sol quente.
Encostadas umas às outras, com as pernas dormentes,
dançam silenciosamente nos seus sonhos.
Um Anjo disse-lhes que da terra se fez Sinfonia,
e do sol um andamento suave e lânguido
como as pétalas que caem lentamente nos seus joelhos.
Ao longe, nasce fumo do horizonte.
As nuvens permanecem fechadas, o rumorejar da chuva distante,
já não se ouvem os trovões que cercaram a planície no dia anterior.
A terra permanece molhada,
é tão belo o sabor dessa terra chamuscada pelas chuvas de Inverno.
Só o Deus delas sabe porque fez a chuva parecer tempestade
e claridade luz.
Porque nem a tempestade nem a luz se encontram na Natureza,
nem as crianças sentem o sussurrar da água que corre
pelos seus braços e pernas. Dormem apenas.
Nos seus sonhos, o Anjo disse-lhes que da terra se fez Sinfonia
e da Sinfonia, oração. E da oração, um cantar suave e distante
que se dilui na tempestade como se uma sereia dos céus
cantasse ao longo dos trovões e levasse consigo
o espírito das crianças.
jorge vicente
Imagem: autor ignorado
segunda-feira, 14 de junho de 2010
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Jorge Vicente - As crianças
autor(a): Unknown
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2 comentários
Que lindo, Jorge!!! O que seria desse mundo sem a pureza das crianças e dos anjos?... :)
Nem sei, Amiga!
E o que seria do mundo sem nós, Amigos?
grande abraço
Jorge
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