terça-feira, 29 de junho de 2010

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José Gil - Erva Doce




























“Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
Não aquece nem ilumina.”

C.D. A.





andarilho ando com o dedo no caleidoscópio, mantra

curtes humilhar a ave pequena da solidão do sono

nos outros lados onde a erva doce reduz tudo a cinzas

e ainda as varre de negro num beijo gótico e ácido

o pircing do sacrifício lingual , desce irmã o bairro e

toma a cova da moura como silvas e pó. ninguém te

explora. explora-te a ti próprio numa boé dass

.a submissão do teu ser acorda no andarilho a ave onde

o sol poente nasce devagar na terra. tudo o que curtes é

o contrário do que agora sentes. e já não sentes nada

ama surfando em outras águas. o guincho espera-te

sentado agora na lagoa rodrigues de freitas, imagino

um poema incoerente que morde os fortes e doe aos fracos

que o entendem na pedrada superior, no circo voador do rio

távora no caneiro de alcântara bem fundo no novo casal

ventoso, fico sentado neste penhasco e escrevo-te

se e quando e como me quiseres ler. quando o labor e o

jogo acabam e o poema é abolido e canta.






Imagem: Francesco Favretto

1 Comentário

jorge vicente

mas a tua poesia nunca deve ser abolida. é GRANDE!

abraço
Jorge