Quando Jocasta ficou cara a cara com Elektra
- Por Betusko * - 
Com aparente inspiração no universo de Nelson Rodrigues, o autor Borboleta nos apresenta um conto recheado de temas polêmicos à sociedade em geral. O primeiro destes temas é o tabu do incesto edipiano: “referir à diferença de idade e, sobre¬tudo, à natureza dos laços que nos cercavam”. - Outro tabu é o já considerado certo incesto entre pai e filha apresentado no desfecho: “por isso, peço-lhe desculpas mamãe (aqui com duplo sentido), mas antes que algum garotão de cabelo arrepiado ante¬cipe-me, é preciso que, ao lado de Lili, eu volte a fumar.”
No campo das esferas moral e criminal, há uma confirmação sobre assassinatos de filhos anormais cometidos pelo protagonista e sua companheira: “lembra-se de como nos foi custoso o trajeto até Lili? Quantos bebês anômalos ti¬vemos que oferecer ao mar”. Entre os delitos menores há o relato de uso de drogas entorpecentes e dos desvios de conduta sexual, delineando assim, o real caráter libertino dos personagens.
Com uma narrativa em primeira pessoa, o protagonista oferece uma confissão sem
remorsos à companheira morta há anos, esclarecendo sua paixão ao tabagismo a ponto de considerar que o fumo somente lhe trazia prazer quando compartilhado com a parceira, numa simbiose entre sexo e fumaça. Na verdade, a temática sobre o fumo serve para camuflar a adjacente trama dos acontecimentos escabrosos vividos no âmbito familiar onde a perversão era consentida como atitude normal.
Enfim, como o ensaísta Otto Maria Carpeuax referiu-se certa vez em uma palestra, é um texto em que a respiração vai se alterando conforme o impacto da carga dos fatos
avança.
*Betusko ( Roberto Lopes Jesus)18/06/2010
betusko@betusko.com.br
No campo das esferas moral e criminal, há uma confirmação sobre assassinatos de filhos anormais cometidos pelo protagonista e sua companheira: “lembra-se de como nos foi custoso o trajeto até Lili? Quantos bebês anômalos ti¬vemos que oferecer ao mar”. Entre os delitos menores há o relato de uso de drogas entorpecentes e dos desvios de conduta sexual, delineando assim, o real caráter libertino dos personagens.
Com uma narrativa em primeira pessoa, o protagonista oferece uma confissão sem
remorsos à companheira morta há anos, esclarecendo sua paixão ao tabagismo a ponto de considerar que o fumo somente lhe trazia prazer quando compartilhado com a parceira, numa simbiose entre sexo e fumaça. Na verdade, a temática sobre o fumo serve para camuflar a adjacente trama dos acontecimentos escabrosos vividos no âmbito familiar onde a perversão era consentida como atitude normal.
Enfim, como o ensaísta Otto Maria Carpeuax referiu-se certa vez em uma palestra, é um texto em que a respiração vai se alterando conforme o impacto da carga dos fatos
avança.
*Betusko ( Roberto Lopes Jesus)18/06/2010
betusko@betusko.com.br
Imagem: SmokeWorks #41, de Mehmet Ozgur
1 Comentário
Oi Betusko. Sua forma deliciosa de escrever que é sua marca registrada, está em todas suas obras. Sempre de modo que nos prende até o fim. Votei em sua resenha. Abraços.
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