(Adaptação de um trecho do livro Dezessete Anos de Paola Rhoden para Folhetim)
Aos quinze anos Clarissa conheceu o homem que foi o amor de sua vida. Primeiro namorado, primeira transa e primeiro em tudo. Apaixonou-se na sua festa de aniversário. Ele foi seu par na valsa à meia noite, e depois disso não se separaram mais. Toda vez que Maurício vinha da capital para um passeio os dois estavam juntos. Perdeu a virgindade aos dezesseis anos após terem saído de uma festa do colégio, onde haviam bebido um pouco, e chegou a casa logo de manhãzinha sendo surpreendida pelo pai que a esperou quase a noite toda acordado.
- São horas de uma menina de sua idade chegar?
- Ora papai! Estava com Maurício. Fomos comer algo depois da festa e não vimos o tempo passar. Seja razoável.
Maurício era bom rapaz e o pai deixou passar, embora lá com seus botões estivesse com a pulga atrás da orelha. ‘Mas, deixa pra lá! A juventude de hoje em dia está muito diferente dos dias de minha juventude’, pensou o pai para se acalmar.
E assim foi durante três anos. Quando Clarissa fez seu décimo oitavo aniversário Maurício a pediu em casamento. Ele já estava formado e podia agora sustentar uma família. Ela poderia continuar os estudos na capital sem problemas. Ele havia conseguido um cargo de professor na faculdade para onde Clarissa iria, e isso conciliaria tudo. Mesmo com alguma resistência de ambas as famílias o casal conseguiu realizar o sonho do casamento, que planejavam há tanto tempo.
Não muito longe da faculdade onde Maurício lecionava e Clarissa ia estudar, alugaram um pequeno cômodo de uma única peça, onde se conjugava quarto, cozinha e sala. O banheiro era minúsculo, mas com um pouco de organização tudo se arranjava. E era o que podiam pagar no momento. Clarissa apaixonada demais para achar defeitos, e Maurício contente porque assim poderia pagar as despesas enquanto Clarissa não pudesse ajudar. Filhos nem pensar por enquanto. Esse fato estaria postergado para bem mais tarde.
Após concluir a faculdade Clarissa fez um mestrado e conseguiu aulas junto com o marido. Até aí já haviam se passado cinco anos de casados.
- Amor! Acho que agora podemos planejar um filho, que acha? – perguntou Clarissa ao marido.
- Ainda não, querida! Precisamos terminar de pagar o apartamento antes. Será entregue o ano que vem e não quero estar devendo nada. E ainda precisamos pensar nos móveis e tudo o mais.
Ela concordou mais uma vez, já que achava que ele sempre tinha razão.
Quando Clarissa concluiu os estudos estava uma linda mulher. Por onde passava os olhares masculinos mostravam-se deveras interessados. Maurício não demonstrava ciúmes porque sabia do amor incondicional da esposa, e ficava vaidoso em sair com ela. Não saíam muito, mas quando o faziam, o casal chamava a atenção porque formavam um par lindo de se ver. Maurício alto e moreno, cabelos sempre bem cortados e alinhados, roupa bonita, esbelto. Clarissa de corpo escultural parava o trânsito.
Parecia que nada poderia atrapalhar a vida dos dois.
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