sexta-feira, 2 de julho de 2010

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Nosso.

São as fotografias sujas de caramelo, assim mesmo, com gosto de infância, que me fazem lembrar dos seus corações de papel pendurados no móbile da janela da sala.
Aqueles que a gente observava fingindo que cada um era um sonho a ser realizado, assim mesmo, como se fossem realizar apenas apontando o dedo para eles. Ainda lembro dos sorvetes coloridos que te lambuzavam enquanto você, empolgado, indagava sobre política, esportes e todos esses assuntos chatos. Eu,desinteressada, observava a sua falta de habilidade com o sorvete.
Eram os nossos rodopios, atrapalhados confesso, ao som de algum samba triste que me deixava alegre - os rodopios, não o samba -, assim mesmo como um paradoxo. E também era, aquele algodão doce cor de rosa - um real cada -, que você comprava, que transformavam minhas tardes.
São estes momentos que guardo em um pote doces, no armário da cozinha, ou no bolso do casaco quando saio na chuva com o meu guarda chuva amarelo da cor do Sol, só para se destacar no acinzentado dia.
A vida era bem mais simples quando você passava as noites a caçar vagalumes comigo. Bem mais simples, quando tudo se resumia em sermos nós. São essas simplicidades que tranformo em apenas um abraço, que dou a você para ser guardado, esperando que talvez um dia, ou sei lá, eu volte para essa vidinha besta e bela, mas que era nossa. Só nossa, assim como os caramelos, corações de papel, sorvetes, rodopios e sambas tristes que alegram.

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