terça-feira, 6 de julho de 2010

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Jorge Vicente - Madrugada na planície alentejana



























Cresce vasta a planície
Ao redor de mim.
Todos os meus sentidos despertos,
Todo o silêncio encoberto pela
Lenta ascensão da madrugada.

A lua vai alta,
O céu uma barreira intransponível
Para todos aqueles
Que desenham círculos nas nuvens,
Através da imaginação.

A água descansa no orvalho da noite,
Plantas rastejam na camuflagem espessa da erva molhada.
Todos os animais dormem,
Ao longe rajadas de vento espreguiçam-se nos sobreiros secos.

Na solidão dos campos sem fim,
Crianças e velhos rezam a St. Bárbara.
Que anda pelo céu armada
De sombras cintilantes e de noivas ondulantes
Que, para sempre, voam
De nuvem em nuvem,
De castelo em castelo,
De árvore em árvore,
De avejão em avejão.
Dançando na noite
E recriando o sibilar do vento.

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Cresce vasta a planície ao redor de mim.

Desenho no espectro das árvores
Uma noiva eterna transformada em oliveira.
Para sempre noiva, cantando
Sibilos de vento rasgados de silêncio.
Aqui, no meio do Alentejo,
No limiar do mundo







Imagem: ldiogo

4 comentários

L. Rafael Nolli

Especial esse poema, meu camarada! Me fez viajar por essas terras, no meio do Alentejo! Me deu uma boa sensação, semelhante a que tenho quando leio Cobra Norato, do Raul Bopp, que acho genial! Muito bom! Abraços!

Fabrício Brandão

Salve Jorge,

Teu poema encanta pela força de um lirismo bucólico. Um sentimento de serenidade e ternura repousa por entre tais versos.

Abraços poéticos!

jorge vicente

Obrigado, camarada!

Seu livro seguiu hoje! Já tenho tantas saudades da escrita! estes poemas são antigos e tenho tanta vontade de escrever novos, viver só do material dos sonhos :)

abraço enorme
jorge

jorge vicente

Muito obrigado, caro Fabrício!

Grande abraço para ti!
Jorge