domingo, 8 de agosto de 2010

0

Clarissa - Nono capítulo

IX



Clarissa indicou o caminho para seu companheiro. Foram em direção aos rochedos. Fazia oito meses que Maurício afundara no alto mar, lá onde havia muitos tubarões como o povo do local falava. Os parente e amigos perguntaram muitas vezes por ele.

- Não sei! Nem quero saber. Ele me abandonou. Deve estar por aí com alguma vagabunda que encontrou em seu caminho como tantas outras.

E as pessoas acreditavam! Afinal ele aprontara tanto com ela que ninguém duvidava disso mesmo. Todo mundo sabia das sacanagens dele. Menos ela!

- Chegamos! Falou ela acariciando a perna do homem bonito a seu lado.

- Que lugar estranho para um encontro. Prefiro um motel confortável. Mas já que prometi, vamos lá.

Ela deu um sorriso lindo para o homem, beijando-o com aparente paixão.

Ele sucumbiu e desceu do carro. Ela tirou o belo vestido verde musgo e o deixou no assento da BMW branca. A beleza de Clarissa em seu fio dental minúsculo o deixou maluco como sempre ficava nesses dois últimos meses. Estava cada vez mais preso ao corpo escultural e meiguice daquela linda mulher. Aproximou-se e abraçou o lindo corpo. A grande e inseparável bolsa da moça atrapalhou um pouco o abraço.

- Quer deixar a bolsa no carro?

- Não querido! Aqui tenho uma surpresa para você.

E afastou-se um pouco indo para frente dele, rindo com seus maravilhosos dentes brancos. Ele tentou alcançá-la correndo e ela corria mais em direção aos rochedos. O carro ficara lá embaixo, próximo à estrada. Não era hora para um carro como aquele subir na areia solta.

Junto ao penhasco ela o levou para perto de um pequeno barco, velho e sem tinta que estava ancorado. Não devia ser abandonado porque demonstrava uso, embora fosse notório que o uso não era frequente.

- Olha! Um barco! – disse ela fingindo surpresa.

- Sim! Um barco velho e carcomido. Nem deve navegar mais.

- Ora! Deve sim! Mas agora quero que você me ame. Muito!

E atirou-se nos braços do homem que a levou para as sombras dos rochedos, onde fizeram amor por bastante tempo. O cara não era mais jovem, e após essa maratona com uma mulher fogosa como Clarissa, prostrou na areia e dormiu em seguida relaxadamente como sempre fazia.

Clarissa foi ao mar e lavou-se. Sabia que o cara dormiria por um bom tempo. O safado! Voltou toda molhada e pegou sua bolsa. Dentro estava a sua faca de cozinha, já muito usada nos últimos meses, esse era o quarto depois de Maurício que ela iria achar o coração. A dor no peito voltou. A dor de cabeça também. A sombra do rochedo ia se afastando para o lado e o corpo adormecido do homem já estava parcialmente ao sol. Antes que ele acordasse Clarissa chegou de mansinho e com toda a força que dispunha enterrou a faca no coração do homem que há poucos minutos a fizera delirar de prazer.

Esperou um pouco. O pulso dele parou. A respiração já era. Estava morto. Safado! Tinha mulher e filhos o desgraçado. Merecia morrer. Nenhuma mulher bonita pode tirar do lar um homem, seja ela quem for.

Seu coração doía muito! Sua cabeça também. Mas o homem dentro do barco seria lançado como todos os outros no mesmo lugar onde Maurício estava. Era lá o lugar dos traidores.

Quando voltou à praia, colocou o barco no lugar de sempre. Antes de sair da água limpou o sangue do barco. Depois na areia. O lugar era mesmo deserto! Nesses oito meses, ninguém usara o barco a não ser ela. Nunca vira ninguém por ali, nem mesmo quando vinha sozinha olhar o mar de cima dos rochedos. Mais ao longe havia muito movimento. Pessoas iam e vinham. Mas ali não. Era só silêncio! Desceu pelas pedras, chegou ao carro, pegou o vestido e vestiu. Sua pele bronzeada sobressaia no verde musgo do belo vestido tomara que caia. A cabeça doía! Sentou ao volante do carro e arrancou de mansinho. Deixaria o carro no aeroporto, como fizera com todos os outros. No porta luvas havia dinheiro. Pegou. Ia precisar dele.

Seja o primeiro a comentar: