Capítulo VI
No dia seguinte bem cedo voltamos para Porto Alegre. Precisei de todas minhas forças para levar a vida normal, sabendo que meu doce marido se deteriorava por dentro e me deixaria em breve. Mas não falava nem comentava nada com ele. Agia como se a vida estivesse tão linda como sempre.
Era o combinado.
Passaram-se mais alguns meses e chegou o dia. Ele estava trabalhando normalmente e de repente desmaiou. Os colegas me chamaram. Levamos Joanim às pressas ao hospital, só para cumprir protocolos, porque na verdade, tudo estava acontecendo como o esperado pelos médicos.
No quarto do hospital, onde as paredes brancas deixavam o ar ainda mais frio, ele tomou minha mão nas suas e disse:
- Perdoe-me! Gostaria de ficar mais tempo com você!
E faleceu.
Chorei tudo o que não pude chorar enquanto ele estava vivo, pois havia prometido não chorar. Mas agora podia deixar sair o sofrimento através daquelas lágrimas tão duramente contidas.
Os poucos parentes e amigos chegavam devagar. Eu olhava pela janela do quarto do hospital a tristeza que o mundo se tornou lá fora. Era inverno novamente. Há algum tempo fora inverno também naquela praça, onde a mão de Joanim tocou meu braço suavemente.
Agora era inverno também em meu coração.
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