hoje sou exatamente aquilo que tenho:
centavos q não me compram felicidade alguma
uma úlcera metafísica q não me acompanhará ao infinito
dezenas de poemas sobre exaltação do homem
e a felicidade tola dos desvairados.
hoje eu sou tudo q tenho:
um sonho de primavera amadurecendo o coração dos brutos
uma iluminação repentina e irremediável
q me levaria ao céu, se eu o quisesse.
hoje, nada além de meus pertences é o q sou –
uma dor de cabeça debutante
um gosto de beijo nos lábios
migalhas de pão presa a barba
um projeto de poesia q me redime de toda a dor do mundo
- que após escrito me trairá covardemente,
por não saber nada além do q suas palavras dizem.
hoje, sou exatamente o que tenho:
mas é nu q espero o amanhã.
(l. Rafael Nolli)
03/08/2006 para Cássio M. Amaral.
Imagem: Eduard Szattler
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