quinta-feira, 14 de outubro de 2010

0

Nana Merij


_ onde, outrora..._
[a própria existência nos mira, de soslaio,in intervalos dolosos.anamerij]


[anamerij]

de mãos postas um poema clama em contrição, entra nas fissuras do dia, e grava em minhas retinas sombras das palavras emudecidas, a fugir entre meus dedos

como se pedras, lavro-as

sob o cinzel, quem sabe digam o que não sei, confidentes que são da memória

neste mosaico intangível

tudo conduz a lucidez que precede ao caos

as veias do ontem sangro-as ,a pastorar o mastim, para colher respostas

porque hoje, apenas ecos perdidos da escritura gravada no livro d'outrora

da vida, este existir fugaz, bebo os prenúncios de nascituras mortes

as imagens não patenteadas, como linho volátil se desfazem tal qual folhas secas sob a brisa

ao vento arisco tudo que foi dito se desfolha:

- palavras sem rumo

-versos sem norte

onde escavar?

onde doer?

onde descarnar a duvida que fere?

onde saciar este nada saber que me devora?

pouso as letras neste sopro sem chão

sem trilhas

sem marcas

sem margens

tudo é tão indecifrável como é o inventário do silêncio

a embalar as sobras do que foi um dia ternuras sólidas [?]

impondo aos meus olhos o que não tem raízes

o que a vida impiedosamente degola

um clamor descalço pisa meus escombros

indiferente a esta dor

sinfonia de prantos

talvez,

se pudesse calar todas as dúvidas

mas,

cabe ouvir o vazio

mastigar as páginas inócuas

recolher a mudez-rubra que tange incessante

gota a gota

hora por hora

cabe ouvir a epifania do silêncio, onde mora o segredo do graal

-cabe!

[cabe sufocar a lágrima deste poema e estender seu coração ao sol.]

anadeabrãomerij






Seja o primeiro a comentar: