Espiando suas obras, encontrei o livro “Os Diários de Virgínia Woolf”, que foi o seu último trabalho, póstumo, a vir a público, em edição integral, em 1977. É boa leitura e boa literatura, por que, apesar do título é uma obra ficcional.
A autora quis que ele fosse “uma espaçosa mochila, onde a gente joga uma grande quantidade de miudezas sem nenhum critério...”
Seria pedir demais que Virgínia Woolf se limitasse aos fatos, documentando o seu cotidiano, pois, no “Diários” o que importa é a maneira como foi descrito; como era a sua convivência com a nata da intelectualidade de seu tempo. Ao descrever essas personalidades ela sempre pensou em utilizá-las como pretexto para compor os tipos, e não em as retratar.
Segundo Marília P. Fiorillo: “Virgínia Woolf não precisava contar o que sabia no livro que escreveu para si própria. Sua autobiografia é a sua escrita”.
Virgínia era amiga das delícias do mundo e uma das mais prodigiosas escritoras da língua inglesa.
Pedro Du Bois acrescenta em Virgínia a sua grandiosidade e a sua finitude, através do poema “Águas para Virgínia”:
“Houve razões para você entrar
no rio e submergir em suas águas
escuras maneiras de dizer adeus
o corpo descoberto encoberto preso ao fundo
pedra lapidada ao extremo da consciência
passos decididos um após o outro
sem arrependimento ou sofrimento a morte
se apresenta com seus fantasmas zombam
da nossa fraqueza e no que riem alentam
as forças com que nos apagamos e seguimos
fria a água que acolhe o corpo na entrada
e se desdobra na frieza da alma trazida
pela vida mínima e o olhar absorto morto
ultrapassado em sua disposição de estar viva
houve razões para que a água cobrisse
a imagem refletida na entrada
como pedra submergisse e no fundo
o lodo galhos retivessem a última
vontade em que se transfigurou a sua face.”
terça-feira, 12 de outubro de 2010
0
VIRGÍNIA WOOLF: Diários
autor(a): Tânia Du Bois
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário