quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

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A Dama do Metrô 31.



Aureliano saiu batendo a porta. Malu não deu importância, já estava cansada dele. Estavam juntos mais de dois anos. Aureliano tornava-se chato, um porre na concepção dela. Dizia-se apaixonado, queria casar, se separar de mulher, divorciar e outros carvalhos a quatro. Malu não aceitava. Além do que, Aureliano não tinha a abrangência que ela tinha de ir além, e como todo burguês, Aureliano volta e meia caia no mamãe e papai. Para Malu isso era a decadência. Ansiava mudanças, coisa que ele não via com bons olhos. Toda vez em que propunha um jogo diferente, mesmo envolvendo apetrechos sexuais, era por ele rechaçado.

Aureliano chegou a ameaçar suicídio. Não acreditava que fosse capaz de tal ousadia. Molenga como era, até covarde, medroso, não declarava mas tinha pavor das conseqüências. Malu rezava para que voltasse para a esposa. Malu enxergava através do olhar concupiscente toda a ilusão que se dizia amor por ela.

Na verdade, Aureliano amava a esposa, os filhos, a vidinha melodramática burguesa em que fora criado. Não queria destruir o mundo que ele não conseguia ver. Aureliano não entendia por mais que ela tentava lhe explicar. Deveria descobrir por ele mesmo. Por isso, decidiu que aquela seria à última vez que se encontravam.

Cansada, alongou o corpo sinuoso e nu por entre os lençóis propondo a si mesma não cair mais na lábia desonesta dos homens. Aureliano fora o primeiro e o último. Não renegava os momentos que passara com ele, mas nunca... Isto é, não é aconselhável dizer nunca faço isso ou aquilo, pois sabia por experiência própria que acabaria fazendo, mas tentava ou dizendo melhor, não se deixaria novamente ser levada pelo aspecto físico sem antes, conhecer o interior dos homens.

Nisso a imagem do loiro tomou conta da sua visão. Por onde andará ele, perguntou ao abrir o chuveiro. A água gostosa, morna, lanhou sua carne numa suave e excitante massagem reconfortando-a por completo. Terminado o banho, se vestiu, fechou o apartamento, desceu o elevador, passou pela recepção, deixou a chave com o recepcionista e ganhou a rua ensolarada pensando como fisgaria o loiro.


pastorelli

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