quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

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FIO COBRA



Escuto, com parcimônia, o trincar
da tarde na chávena de chá
chuvisco e chuveiro de um
fresco almíscar de passos
escorridos  na laje

esmero-me em miúdos trocados
nódoas novenas de perdas promíscuas
passatempo bravio de detalhes
correntes e  serpentes do ser

sonsa de soníferos, mal acordo
vomito-me à míngua

minha vida me diverte
pois não lembro
minhas vias
razões e alegrias

 e na roca do tempo
refaço o quadro do vento
o fio cobra
cobre de fastio e fausto

um silêncio nadado
por léguas de insistência
verga na alma sisos e séqüitos

um desmaio no horizonte
de dunas amarelas
 - arejado de luz -
enquanto corpúsculos
de água e sombra
estreitam-se no fim do túnel

 corrida do céu
a asa ferida
consciência
conhecimento
compartimento
acomodamento
filosofia de viés
dor e encanto
entoa o cântico
os violinos dançam
ao som dos festejos
       - aleluia -
a qualquer momento
a evidência.

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Célio Roberto Pereira

Adorei o espaço, quando puder nos visite: http://historiofobia.blogspot.com

Um abraço!