Não te conheço assim tão fundo. Sei das coisas mundanas: sua barba rala, sua barba rala em meu rosto, suas mãos nas minhas costas, suas mãos nos meus ombros, sua expressão tranquila quando te beijo, sua expressão bonita quando me beija.
Não te conheço assim tão fundo, sei dos detalhes em nosso entorno: vagalumes, a lua tímida, o céu repleto de tons laranja e as estrelas que não surgiram naquela noite.
É tudo mundano, nós e esses detalhes. Mas é por não te conhecer tão fundo que cultivo essas banalidades. Eu sussurro cada uma delas para que você escute e escreva uma canção qualquer, sobre vagalumes, tons laranja e carinho, sobre uma simplicidade no sentido mais puro.
O que temos não é assim tão profundo. É raso e delicado. Não sei se me deixo mergulhar. Não sei se me largo em você. Ainda não sei te inspirar. Mas mesmo assim vamos respirar bem fundo e nos deixar livres por aí, em qualquer noite, em qualquer serra. Nós dois e só.
Não sei como você é lá no fundo. Ainda nem sei amar. Sei de fantasias e lantejoulas, de cores e sonhos, de uma solidão bonita e machucada. É disso que eu sei.
Bonito, não te conheço assim tão fundo. Sei da tua pele e da tua respiração em meu ouvido. É disso que sei. Ainda não sei te esperar, mas mesmo assim ficarei em silêncio, em uma só estrada, em uma só cidade e sem malas prontas.
De tudo que não sei tão profundamente, foi o que me neguei a aprender superficialmente. Que eu aprenda da forma intensa. Nós dois e só.
Antes de nos esquecermos no que pode ser profundo, vamos caminhando, vamos vivendo, porque assim que é bom! Assim que é, Bonito!
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