Desde então, passamos a namorar. Namorados de verdade. Para espanto e maledicência de todos os fofoqueiros de plantão. Nas festas, nos bailes, nas ruas, lanchonetes, em todo lugar, todos nos viam juntos, abraçados, namorando. Era encantador irmos a lojas fazer compras, escolher coisas para ele ou para mim. Ríamos por qualquer coisa. Virei criança em sua companhia.
Foi o desespero da mãe de Luan. Procurava-me, chorava, ameaçava. Mas eu apenas ria. Para mim era apenas mais uma brincadeira da vida comigo. O garoto logo iria enjoar como todos os homens enjoam de suas companheiras, e tudo ficaria bem.
Nesse ritmo de festa passaram-se quatro meses. Chegaram minhas férias. Todos os anos, por muito tempo, minhas férias eram programadas para o mês de janeiro. Então, naquele ano, como sempre, arrumei tudo para sair de férias no dia 30 de dezembro. Passaria na casa de minha irmã, e de lá iria para a praia onde ficava no apartamento de meu irmão. Mas, não foi bem assim.
Luan quis me acompanhar nas férias. Bem! Que seja – pensei. E lá fomos os dois em um fusca azul, muito velho, que nos deu grandes problemas na viagem! Cheguei a pensar que foram os pensamentos negativos da mãe dele que nos fizeram passar por todos aqueles entraves! Talvez sim, talvez não! Não sei. Só sei que no dia anterior ela veio me ameaçar por ele querer ir à praia comigo. Ri muito da atitude dela.
Fomos mesmo assim.
Chegamos à praia, e como estava com ele não poderia ir para a casa de meu irmão. Uma coisa era enfrentar a sociedade de minha cidade onde eu era uma das autoridades, e era respeitada como tal. Outra eram meus irmãos! Bem. Optei por um camping, onde tinha cabanas, não muito confortáveis, mas habitáveis. O importante era não dar de cara com meus sobrinhos ou meu irmão. Então, ficamos dias por lá, eu tentando ludibriar encontros não desejáveis, ele vivendo o sonho que nunca antes pode realizar: ver o mar.
Foram dias lindos apesar de tudo. E cada dia gostava mais do carinho e afeto que ele me dedicava. Mas estava com meus sentimentos bloqueados, pensando que logo chegaria o dia em que apareceria uma linda moça, jovem e faceira e levaria o garoto com ela.
Voltamos da praia no final de janeiro e cada um retomou seu trabalho. Só que o garoto passou a morar definitivamente comigo. Ninguém mais estranhava o casal que formávamos. Já estavam acostumandos a nos verem sempre juntos. Os amigos do clube e da dança, nunca estranharam. Aceitaram-nos de cara. Meus colegas de trabalho também nem olharam para a diferença de idade. Nas reuniões que fazíamos, tanto de trabalho como de lazer, a presença de Luan não era estranha. Pelo contrário, aceita como normal.
E a vida foi seguindo!
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário