sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

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O Menino da Gaita - Capítulo VI

Em fevereiro, notei que minha menstruação estava faltando desde janeiro. Fui ao médico.

Bingo! Estava grávida. Um mês e meio de gravidez! E agora?

Resolvi não contar para Luan imediatamente.

Comecei então, como quem não quer nada, a falar que ele era livre para viver sua vida sem mim. Que era muito jovem, e eu notava que ele não se sentia bem a meu lado, e que algumas vezes percebia a vergonha que sentia de mim quando estava com seus colegas de trabalho, e assim por diante. Mas ele negava e dizia que gostava de mim, que me amava, que queria ficar comigo.

Nessa tentativa de fazê-lo ver que eu não era a pessoa certa para ele, passou-se mais um mês, e eu já estava de dois meses e meio de gravidez.

A barriga ia começar a aparecer, precisava parar de dar aulas de dança. E era complicado porque tinha que ir a capital fazer os exames pré-natais de rotina, porque fazia tudo às escondidas dele.

Que fazer?

Então quando precisei ir à capital para uma reunião de trabalho, aproveitei e liguei de lá para casa e disse ao Luan ter descoberto que estava grávida em um exame de rotina. Pelo telefone não pude perceber se ele ficara contente ou triste. Mas pensei - assim ele terá tempo de decidir se fica ou vai embora.

Finda a reunião voltei para casa pensativa. Achei que ele não estaria mais no apartamento. Quando coloquei a chave na fechadura percebi que ele estava lá. Nossa! Fiquei tão feliz como nunca pensei que ficaria. Ele abraçou-me e apertou-me carinhosamente. Aquele garoto de 25 anos, 13 anos mais jovem que eu, estava ali, firme, com seus olhos azuis profundos quando tristes, e muito verdes quando felizes, abraçando-me como se eu fora um ancoradouro para sua felicidade.

Senti-me mal lembrando quanto tentei afastá-lo.

A gravidez transcorreu normalmente apesar de minha idade. Não tive enjôos, chiliques, vontades, nada. Durante todos os meses da gestação estive forte, saudável e feliz. Luan foi o companheiro perfeito, amável, delicado, cheio de carinho. Ele manifestou o desejo que fosse menino. No dia do ultrassom para saber o sexo, ele estava ansioso. Precisava ver o olhar de decepção dele quando o profissional disse ser menina. Mas depois ele ficou feliz mesmo não sendo o garoto que ele queria. Afinal, filho era filho disse ele. E passou a dar todo afeto necessário ao bebê no meu ventre.

Nas horas de descanso, ele ficava passando a mão na barriga e tentando ouvir algum som. Riamos felizes.

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