Nesse momento aparece Sara. Seus trajes ciganos adornados com contas e pedrarias brilhavam a luz do farol que passava intermitente, e por instantes a deixava totalmente visível, para depois ficar novamente na penumbra apenas com o luar cintilando em suas roupas.
A imagem dela era imponente assim com a brisa fazendo ondas em seus cabelos negros.
– É a cigana da praia!
– É Sara! – falei com carinho – venha amiga, quero lhe apresentar meu namorado.
– Olá! Prazer em conhecê-la de perto. Já a vi muitas vezes por aí – falou Andy estendendo a mão para ela.
– Prazer Andy!
– Como sabe o meu nome?
– Reika me falou em você várias vezes.
– Então está explicado. E seu nome é Sara.
– Sim! Quer que leia sua mão?
– Quero! Até estava pedindo isso para minha namorada, mas ela disse não saber ler as mãos.
Sara tomou a mão de Andy e ficou em silêncio.
– Está muito escuro? Não consegue ler?
– Andy! Você e Reika serão muito felizes. Mas antes poderão passar por algum percalço. Mas Reika poderá ajudar essas forças negativas a se dissiparem. E aí vocês seguirão por um caminho iluminado.
Ela deixou cair a mão do rapaz e saiu lentamente em direção a beira do morro. Olhando para o mar falou com palavras suaves:
– Nem as estrelas, nem o sol que virá amanhã, nem a força da natureza poderão tirar de você o que o destino lhe reservou. Só você pode modificar sua vida. Caminhe firme, use de seus poderes financeiros para amenizar o sofrer de outros, escute o que seu coração lhe diz, nunca faça ninguém sofrer. Seu futuro será de acordo com a decisão que tomar para sua vida, e Reika será sua estrela guia.
Dizendo isso Sara sumiu pelos caminhos que levavam a seu barraco. Nem se despediu.
Quase corri atrás da amiga para que ela fosse mais clara no prognóstico. Eu sabia que quando uma cigana não fala claramente na leitura das mãos, é porque algo ruim pode acontecer. As coisas boas são anunciadas, as ruins são escondidas. Essa é a regra.
Fiquei à beira do penhasco onde a amiga estivera pouco antes e pedi mentalmente:
– Poderoso Senhor do Universo, dai-me discernimento para que possa defender Andy do que lhe possa acontecer de mal.
Andy aproximou-se dela e perguntou:
– Querida! Por que ficou séria de repente? Está acontecendo algo? Fiz alguma coisa?
– Nada aconteceu. Só estava olhando o mar e pedindo a Deus para nos iluminar em nossos caminhos.
– Não entendi muito bem o que Sara quis dizer com suas palavras enigmáticas.
– Nem eu! Mas já está tarde, precisamos voltar.
– Está bem minha cinderela, já é quase meia noite. Vamos voltar antes que seu sapatinho vire abóbora. Ou será que é o vestido que vira abóbora? Nunca prestei muita atenção nessa parte da história.
E descemos a colina rindo e brincando com pedrinhas que encontrávamos, jogando-as um no outro.
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário