quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

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O Menino da Gaita - Capítulo VIII

Quando nossa filha tinha dois anos, Luan recebeu uma promoção e precisou mudar de cidade. Aí surgiu o impasse. Se ele fosse seria muito bom para a carreira dele. Mas para acompanhá-lo eu precisava deixar de trabalhar. Eu não podia podar sua ascensão na empresa. Mas relutava muito em deixar meu emprego, afinal até o momento tinha sido meu salário a nos sustentar verdadeiramente, porque do pouco que ele ganhava, nós combinamos que ele ajudaria sua mãe para que ela não passasse necessidades. E deixando eu de trabalhar, embora ele fosse ganhar mais, poderíamos sofrer. Nessa ocasião optamos por ele ir e eu ficar. Durante dois anos, ele ficou indo e vindo todo final de semana. Foi cansativo e desgastante. Passados os dois anos, ele voltou para nossa cidade com um salário melhor. Mas as festas acabaram e passamos a ficar muito tempo em casa em função da filha. Ele trabalhou mais dois anos naquele cargo, e apareceu outra oportunidade de mudança. Desta vez, a família foi mais importante, então deixei o emprego e o acompanhei. Na nova cidade fizemos muitos amigos, e ele voltou a estudar.

E dessa forma, a cada promoção que ele recebia, mudávamos para outros locais.

Assim nesse vai e vem vivemos juntos por dezoito anos. Tivemos altos e baixos como todo casal tem, mas nunca brigamos nem discutimos. E Luan sempre foi o marido mais carinhoso, mais amigo, atencioso, honesto e fiel. Ele sempre lembrando de mim em primeiro lugar. Suas atenções foram direcionadas para meu bem estar em todos os momentos de nossa convivência. Nunca me deixou faltar nada.

Eu retribuía ajudando-o a crescer profissional e pessoalmente. Fiz todo o possível para que ele complementasse seus estudos. Fez faculdade, dois MBAs, Mestrado, e outros cursos. Estudava com ele. Fazia seus trabalhos. Dedicava-me. Tudo para retribuir sua atenção constante. Nada para mim era trabalhoso demais desde que fosse para ele. Queria que fosse feliz.

Essa minha dedicação era reprovada por minhas duas filhas, elas diziam, - um dia você pode se arrepender disso. Eu não acreditava. Confiava nele e em seu amor e carinho por mim, e continuava dando minha vida a seu favor. Afinal, por várias vezes ele afirmou que nunca me abandonaria e que eu era a pessoa mais importante em sua vida. Confiava muito nisso.

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