Pessoas que alcançam o sucesso são invejadas por aqueles que não têm capacidade para gerir suas vidas, de forma a conseguir o mesmo que o bem sucedido tem.
Então, rapidinho consegui alguns inimigos invejosos que me criticavam por fazer coisas que eles não conseguiam fazer. Como ter notas altas, ter o respeito e a consideração de muitas pessoas, ser popular entre rapazes e moças, poder escolher a festa que iria de tantos convites que recebia. Isso deixa algumas pessoas de cabelo em pé de tanta raiva. Só que eu não percebia essa raiva nem a inveja. Passava por isso tudo com o olhar voltado para o azul do céu e a formação das nuvens, ouvindo a música da alegria e do bem estar. Só que às vezes é preciso ligar as antenas da razão, até para poder blindar-se contra esse tipo de ataque, porque a inveja é um poderoso vírus que se aloja como visgo no recôndito escondido do invejoso. E isso é perigoso!
Caminhando lentamente pelas calçadas da rua que leva à faculdade, não percebi a aproximação de uma moça de minha turma.
– Olá!
– Olá Letícia! – falei bem humorada.
– Como está a rainha da faculdade?
– Para falar a verdade não a conheço. Quem é a rainha?
– Não se faça de tola!
– Sério! Nem sabia que a faculdade tinha uma rainha!
A moça riu um riso debochado e disse:
– Claro! Anda muito ocupada tentando roubar os namorados das outras!
– Quem eu? Roubar namorados?
– Sim! Não passou a tarde toda ontem fazendo um trabalho com Raul?
– Sim! Passamos! Foi o professor que formou as duplas.
– Sei! Mas ele gostou muito não foi?
– Ele quem?
– Raul! De quem estamos falando?
– Raul gostou de que, exatamente?
– De fazer o trabalho com você! A rainha!
– Eu? Rainha? E essa agora! De onde você tirou esse disparate?
– Ora! Quer saber! Você é muito sonsa para que Raul se interesse! Nem devo me preocupar. Aposto que foi ele quem fez todo o trabalho.
– O trabalho? Ele só copiou o que eu fiz, e de mais a mais, sonsa ou não, Raul é apenas meu amigo, porque na verdade estou em outro ancoradouro. Meu interesse tem outro destino, e com certeza não tem nada a ver com Raul.
– Assim espero.
– Fique tranquila! Pelo visto o interesse por Raul é seu!
A garota apressou o passo jogando o cabelo louro oxigenado para trás em um gesto de desprezo. Fiquei rindo, e pensei que as pessoas são mesmo muito interessantes. Em um minuto mostram-se preocupadas por alguma coisa, logo depois quando vêm que o perigo passou tornam-se agressivas, e demonstram claramente a inveja que sentem por algo que não podem ser.
– Oi Reika!
Era Andy, esse rapaz lindo que você conhece. Dias antes eu o encontrara no refeitório e ele sentara a meu lado. Eu já havia notado sua presença em outras ocasiões, mas aquele dia foi por puro acaso que ele sentou-se na mesma mesa que eu estava, e no lugar vago ao meu lado.
Meu coração bateu mais forte quando respondi:
– Oi Andy!
– Que bom encontrá-la aqui!
– Também acho.
– Tem todas as aulas hoje?
– Não! Saio no intervalo porque dois professores estão viajando.
– Também tenho livres os horários depois do intervalo. Quer fazer um lanche comigo?
– Tudo bem!
– Espero você no portão de entrada. Ok?
– Certo. Até lá então!
Depois desse dia, Andy e eu nos encontrávamos sempre que dava uma oportunidade. Notei que ele era muito inteligente, sabia trazer assuntos que faziam nossas conversas prolongarem-se por horas a fio, sem que nenhum dos dois tivesse vontade de ir embora. Não demorou muito e passamos a namorar. Mais um motivo de inveja das garotas que eram pretendentes do belo rapaz da Ferrari vermelha, que só vestia Armani.
Bem! Eu pretendia levar isso tudo de letra, já que os belos olhos de Andy resolveram escolher minha pessoa para ancorar. E que olhos lindos de Andy. Você reparou Vanessa?
- Claro – respondi.
Com o namoro firme, passei a espaçar minhas idas ao cantinho lá do farol. Isso acontecia toda vez que eu firmava namoro com alguém. Mas minha vida paralela continuava a meu lado, e agora já nos entendíamos perfeitamente e andávamos quase em uníssono.
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário