Imagem: Chopper
Quando acordei, abri as janelas.
A cidade se lavava sim.
A primeira grande chuva depois que você partiu.
Fui até o pé de manga
e não havia mais manga,
mas reforcei com o canivete
nossos nomes dentro do coração da manhã.
Voltei.
Não tinha café.
Então fiquei olhando aquela sua revista velha,
que tem na capa um enorme cavalo negro.
Toquei sua crina.
Ele não se fez arredio.
Passei de leve a mão no dorso forte.
Ele não demonstrou asco.
Montei-o com a leveza de uma virgem.
Ele aceitou.
E assim, como quem já sorriu,
mas apunhalou o riso,
Partimos pro outro lado do espelho...
E a tua escova ainda na pia do banheiro...
1 Comentário
Daniel, mas que poema incrível! Já reli seis vezes... E ainda não bastou.
Um abraço de Victoria.
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