sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

0

EU TENHO UM RIO














eu tenho um rio que brota de dentro

e traz à tona o que foi sedimentar



tenho margens estreitas, correnteza furiosa

sem escolhas, apenas desaguar



invado e erodo, aliso cascalhos

até escorregar no limo do verbo



eu tenho um rio que leva as paredes

que se erguem em meio ao lixão da poesia

e soterra a palavra viva



eu tenho um rio de inundadas faces

e chovo poemas de sangue



eu tenho um Rio de Janeiro no peito estiado

e expio a falta da lembrança do teu rosto





************

Seja o primeiro a comentar: