Acomodamos os pacotes no grande porta-malas do lindo carro de Andy, e ficamos ali conversando sobre o ocorrido na loja tomando nossos sorvetes.
Depois decidimos ir almoçar e dar um passeio pela cidade antes de voltarmos.
Quando chegamos à casa de Reika, ela perguntou à sua mãe:
– Mamãe! Sara e Miguel vieram até aqui?
– Não filha!
– Eu os convidei para o almoço lá na capital, mas uma grande confusão por causa desses enormes pacotes os fez fugir do local.
E Reika contou à mãe tudo o que ocorreu na loja, e as duas deram boas risadas. E dona Valey nos convidou para um lanche. A mãe de Reika parecia estar sempre esperando visitas. Havia muita coisa pronta na mesa.
Após o lanche nos instalamos no sofá da sala para assistirmos ao jornal na TV. No noticiário apareceu uma reportagem que falava sobre a confusão causada em uma loja próxima ao centro da capital. Prestamos atenção e reconhecemos a gerente da loja e o vendedor que barrou nossos amigos, onde estivéramos pela manhã.
A jornalista perguntava:
– Tem certeza que foram eles?
– Sim! – respondeu a gerente – aproveitaram a confusão armada por sua amiga que estava dentro da loja, roubaram e fugiram.
A repórter então encerrou a entrevista dizendo:
– Os ciganos estão sendo interrogados agora na DP local.
Reika levantou de um salto.
– Mamãe! Estão culpando alguns ciganos de roubo novamente. Como faço para saber quem são?
Valey veio da cozinha com as mãos molhadas da lavagem da louça, e perguntou:
– Não entendi direito. Que ciganos foram acusados de roubo?
– Não sei. Vi a reportagem no final. Mas a repórter estava entrevistando a gerente e o vendedor da loja onde estive para pegar seus pacotes.
– Então é fácil! Sou cliente lá há muito tempo. É só ligar e perguntar.
– Claro! Como não pensei nisso antes?
E correu ao telefone enquanto sua mãe lhe ditava o número.
– Alô! Vi a reportagem sobre ladrões nessa loja. Quem são eles?
– Foram dois ciganos que estavam aqui junto com uma cliente, enquanto ela brigava com o pessoal da loja por não os deixarem entrar, os dois aproveitaram para roubar e sumir.
– Uma moça e um rapaz vestidos de ciganos?
– Esses mesmos!
– Obrigado!
Reika caiu sentada no sofá ao lado de Andy com o coração apertado. Sara e Miguel roubando? Será que as pessoas tinham razão ao terem prevenção contra eles?
Então falei:
– Reika, eles não roubaram nada. Saíram correndo antes de alguns meninos de rua entrar, e aproveitando a confusão pegarem algumas coisas e sumirem pelo mesmo lado que Sara e Miguel foram.
Reika então falou com Andy e Renan sobre o assunto e eles perguntaram:
– Vocês têm certeza que eles não fizeram nada?
– Andy! São meus amigos desde criança! Sei que nunca fariam uma coisa dessas. São pobres, vivem mal, trabalham muito. Suas roupas a maioria é doada por minha mãe. Conheço-os muito bem para ter certeza disso.
– Não se zangue querida! Força do hábito em acreditar que ciganos vivem roubando. Sabe que as pessoas acham que ciganos roubam até crianças, não? – e riu ao ver a fisionomia alterada pelo espanto de sua namorada.
– Andy! Se for para ficar me ofendendo é melhor ficarmos por aqui mesmo.
Mas Andy a puxou suavemente para si e a beijou com carinho:
– Amo você! Perdoe se minha brincadeira a ofendeu.
– Com certas coisas não se brinca, Andy! Não mesmo!
– Olha! – e Andy cruzou os dedos nos lábios – prometo nunca mais fazer esse tipo de brincadeira.
– Acho bom! Mas vamos até a delegacia ver se podemos fazer alguma coisa.
– Acho que hoje não poderemos fazer mais nada. – falou Renan.
– Também acho! – disse Andy – amanhã de manhã iremos ver isso.
Andy achou que eu poderia ajudar como testemunha. Então combinamos sair logo bem cedo para a capital novamente. Renan não poderia ir porque teria que trabalhar, mas nós iríamos.
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