terça-feira, 28 de junho de 2011

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A Dama do Metrô 46










Malu mais uma vez contava com o atraso. Não o atraso do metrô, mas dela que, quase sempre, custava a se levantar. O que não queria dizer que isso a deixasse de mau humor, não, porque por outro lado poderia lhe acontecer mil coisas. No aperto costumeiro das manhãs, Malu procurou ficar numa posição sem ser incomodada e muito menos incomodar os outros. Na sua frente estava um Zé ninguém grandão, parecendo mais armário do que propriamente gente, que a deixava numa situação desfavorável. Devido a isso, não notou o rapaz ao lado dela observando-a atentamente. Fixou seus olhos nos olhos dele provocando assim um ligeiro desconforto no pobre do rapaz que foi obrigado a desviar os olhos.
Tentando se esquivar do armário que a empurrava para traz, por momentos Malu esquecera do rapaz. Quando deu por si, sentiu como se ele estivesse cheirando seus cabelos pretos (ou morenos, não lembro?), ainda bem que ela tem o costume de perfumá-los. Nisso o metrô para entre as estações por mais de quinze minutos, o que deixa, tanto ela como o pessoal, meio irritados. Quando o metrô começou a se movimentar e, talvez vendo que ela fosse descer na próxima estação, o que não estava ele errado, disse-lhe ao ouvido:
- Daria tudo para sentir esse seu perfume novamente.
Ao que ela sem pestanejar respondeu:
- Tudo mesmo?
Ele riu e disse meigamente:
- Depende do seu tudo, e ao mesmo tempo colocou nas mãos de Malu um cartão, me liga e verá... Descendo no seu destino, Malu ficou por um bom tempo vendo-o desaparecer nos umbrais escuro do metrô com o cartão dele nas mãos. Por fim, guardou-o na bolsa e se dirigiu para a escada rolante.
Confortavelmente sentada em frente ao computador, Malu pensava, por fim, retirou o cartão da bolsa, abriu o Outlook e escreveu.
- Você sentiu o meu perfume, mas não pude sentir o seu, e clicou em enviar.
Levou quase dois dias para ele responder.
- Tenho muito mais que um perfume para você sentir


pastorelli

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