quarta-feira, 1 de junho de 2011

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Ela já não está mais aqui.






Olho para os objetos que me rodeiam.
Velhos e queridos objetos usados.
Agora, na sua mudez estáticos, dizem ao meu tormento:
- Ela já não está mais aqui.

Ligando o televisor, procuro o silêncio quebrar,
pois a solidão tomando conta de mim,
à loucura irá me levar.
O aparelho na voz da Lídia Brondi me diz:
- Ela já não está mais aqui.

Na biblioteca, apanho um livro
e na leitura penso da solidão fugir.
As letras modificando o contexto
de Drummond, dizem para mim:
- Ela já não está mais aqui.

No quarto de tantos amores,
no espelho não me vejo.
Apenas tua imagem que sorrindo
na sua doce e gostosa voz me diz:
- Eu já não estou mais aqui.

Na ânsia do peso grito bem alto,
tentando a dor do peito estirpar,
mas ninguém me ouve
apenas o silêncio me responde:
- Ela já não está mais aqui.

Em desvario, corro alucinado nos obstáculos batendo,
sem nenhuma dor sentir.
O rosto, o peito todo ensangüentado;
corro na esperança de te encontrar.
- Você já não está mais aqui.

Reunindo todo o meu esforço
pulo o mais alto que posso
estico as mãos para as tuas eu pegar
mas apenas o vazio consigo alcançar.
- Você já não está mais aqui.

Caindo no infindável vácuo
o teu nome clamo na desesperança
de uma ajuda dos céus receber.
Meu corpo na vazia felicidade vai padecer.
- Você já não está mais aqui.

Uma embriaguez sonolenta invade-me
visualizo a escuridão! Onde me encontro?
Na penumbra escura do meu quarto
ao clic da tomada o ambiente é iluminado.
- Você já não está mais aqui.

... um momento... espere ai!
E quem é essa pessoa que ao meu lado deitada está?
Das minhas entranhas um alívio suspirado sai
invadindo o meu peito de felicidade.
- Você... aqui... está...

Beijando suavemente os teus lábios
para não acorda-la
apago a luz reconfortado.
- Você está aqui ao meu lado.


pastorelli

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