sexta-feira, 8 de julho de 2011

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Lê-me Sophia...

Lê-me um dos mais belos poemas, um daqueles em que o verde do mar é invadido pelas estrelas e sereias de cabelos roxos, a areia cheira a madressilva e as ondas agitadas se enrolam como búzios. Onde brilhem a espuma sal e vento e o cantar das marés cheias faça tudo parecer exausto, inútil, alheio.

Lê suavemente mas com paixão, entoa a riqueza e singularidade do tesouro oculto nos seus escritos. Respira docemente cada verso, cada palavra, acaricia o inconfundível, ilumina a perfeição tranquila e pungente. Retém o calor e a ternura de cada sílaba.

Ao leres certifica-te que lhe dás expressão, abre espaço para que me abrace à mulher poema com olhos de vidente, algas em vez de veias e um coração em forma de medusa. Ajuda-me a descobrir a vastidão da sua biografia, o seu percurso acidentado e abrupto, aquela fragilidade irredutível de uma identidade perplexa mas insubmissa que a fez sem remorso trocar os jardins do paraíso por um caminho desconhecido. Assim com os seus versos se rói a solidão e os dias crescem como uma flor vermelha.

Não te esqueças que nasci homem mas romântico e que sofro dessa patologia incurável e impronunciável.

E ninguém vai entender nunca essa beleza, mas tal como à poetisa viverão sempre mil gestos nos meus dedos.

Luís Galego

1 Comentário

Penélope

Acompanho o trabalho de escrita de Luís Galego desde há muito e são verdadeiras pérolas suas criações - misto de sensibilidade e fina cultura...
Abraços