quarta-feira, 3 de agosto de 2011

1

O pulsar do tempo


relógios quebrados
não marcam o tempo
apenas congelam a vida,
suspendem a ação e a reação
assim como um astrolábio
poeticamente regulado
nos conduz por mares
nunca dantes imaginados,
- nem por piratas
ou pescadores de sonhos
ainda mais por um alquimista
que insista em converter
seus cadinhos mágicos
em vasos com flores de abril
para que os pássaros
e as abelhas
tenham garantido o ganha-pão
e não sejam forçados a abandonar
o seu território livre
em pleno solstício de verão
enquanto o xamã solitário
observa do alto da montanha
o firmamento estrelado,
ouvindo o assobio do vento
embalando solenemente
a dança de um ciclone
e neste instante sagrado
a areia escorre precisa
por entre as paredes frágeis
da ampulheta da vida
marcando o compasso do tempo
que o relógio inválido
se nega a registrar.

1 Comentário

Jorge Xerxes

Betusko,

Ótimo e Inspirado Poema!

"Ainda mais por um alquimista / que insista em converter / seus cadinhos mágicos / em vasos com flores de abril / para que os pássaros / e as abelhas / tenham garantido o ganha-pão"!

Um Grande Abraço! Jorge