segunda-feira, 15 de agosto de 2011

0

Os Caminhos de Laura - Capítulo XXXV

Minha filha era na época uma menina de 15 anos, bonita como todas as meninas de 15 anos o são. Alta para a idade, um sorriso lindo de dentes perfeitos, cabelo castanho claro comprido bem cuidado, uma alegria de viver infinita. Mas ciumenta da mãe que ela só! Ai daquele que direcionasse seu olhar um pouco mais atrevido para meu lado! Logo era rechaçado com muita energia por ela.
Enquanto o Prefeito falava, eu olhava para a Primeira Dama, dona Naná, que estava a minha frente. Era um pouco gordinha, mas tinha um corpo bem feito, um cabelo louro natural cortado curto e vestia-se elegantemente. Uma bonita figura. O senhor Prefeito lá na frente, falando com voz macia igual à do filho, também tinha um visual bonito. Moreno claro, magro, de meia estatura, olhos vivos e inteligentes, com uma verbosidade natural que não cansava os ouvintes. Após o discurso, o almoço foi servido. O churrasco era levado ainda no espeto e servido pelos próprios churrasqueiros, os mais renomados da região. As bebidas eram levadas às mesas pelas garotas filhas dos vereadores, do escrivão, dos professores e autoridades. Os rapazes, irmãos ou primos destas improvisadas garçonetes, lhes seguiam carregando os engradados com a cerveja ou refrigerantes gelados. Estávamos acomodadas, minha filha e eu, na mesa onde se encontravam as autoridades convidadas para o evento, e onde também sentariam o Prefeito e sua Família.
- Posso sentar-me? 
Levantei os olhos e lá estava ele, com um sorriso que me deixou encabulada, não sei por que. Sei que fiquei sem jeito com aquele sorriso (que dentes lindos!!! - pensei) e com a presença do homem mais bonito da festa, na minha opinião, é claro. Ele sentou-se a meu lado e aproximando-se disse em meu ouvido, para não ser preciso gritar acima da balbúrdia generalizada da festa:
- Que bom que havia um lugar bem aqui a seu lado.
- Delicadeza de sua parte! - disse sem saber o que responder.
Por que algumas vezes na vida da gente acontece isto? Quando mais precisamos dizer algo, ficamos sem saber o que dizer? 
O almoço transcorreu alegre e cheio de ocasiões para que José aproximasse seu rosto do meu ao dizer alguma coisa, ou roçasse seus dedos em minha mão ao alcançar uma travessa de molho.  Terminado o lauto repasto, as pessoas foram saindo e o ambiente ficou mais ameno, com menos barulho, música mais suave, e a conversa na mesa das autoridades começou a virar política. Então, como nunca gostei de politicagem, pedi licença para dona Naná e os demais e retirei-me. José nos acompanhou até o carro. E é claro, não perdeu a oportunidade de pedir meu telefone mais uma vez. Passei-lhe meu cartão. O sorriso que acompanhou o ato de colocar meu cartão no bolso, disse-me claramente que no meu futuro estaria um homem moreno, bem vestido, fortinho (não gordinho), alto, com uns olhos castanhos muito suaves, um incrível cabelo liso curto, e uma delicadeza que deixava qualquer mulher sentindo-se nas nuvens. E pela primeira vez após muitos anos, entrei no carro sorrindo e com o coração alegre a dar saltos.

Seja o primeiro a comentar: