segunda-feira, 22 de agosto de 2011

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Os Caminhos de Laura - Capítulo XXXVII




Numa clara manhã de sol, recebi uma rosa com um cartão. Deixei-a ao lado da mesa, pois estava tremendamente ocupada com um trabalho que precisava terminar até o dia seguinte sem falta. Então o telefone tocou e a secretária disse:

- O doutor José na linha dois.

- Aceita? - disse ele assim sem nem ao menos dar bom dia.

- O quê? - disse eu pegando o cartão com uma só mão e tentando abrir o envelope, achei que a pergunta tinha a ver com o que estava escrito nele.

- O convite.

Enquanto eu lia: "Vamos para o Rio de Janeiro?"

- Rio de Janeiro? Assim sem mais?

- Eu explico. Ontem lendo uma revista tive uma idéia maravilhosa: levar você para tomar banho de mar em Angra dos Reis.

- Estou pensando...

- Não pense. Pensar cansa.

- Preciso pensar!

- Pensando em quê? Afinal já lá vão seis meses de um namoro que não deixa dúvidas que eu a amo, pois disse milhares de vezes, pratiquei atos insanos e saudáveis em nome do amor, e aqui estou fazendo um convite tão inocente quanto ir à sorveteria tomar uma casquinha.

- Está bem. Vou pensar. Darei a resposta amanhã.

- Sniff! Sniff! Está bem. Aguardo até amanhã. Um beijo bem grande. Amo você.

Quando ele desligou, fiquei deveras preocupada. Estava mortinha de vontade de ir com ele para esse passeio. Mas e minha filha? Que diria ela? Como daria a notícia?

Então à noite, com muita cautela falei com ela:

- Querida! Preciso lhe dizer algo e não sei a sua reação, mas espero que pelo menos você não esbraveje demais, tá?

- Nossa que mistério! Alguém morreu?

- Não! Bem! O José convidou-me para um passeio ao Rio de Janeiro, mais precisamente a Angra dos Reis, e eu estou com muita vontade de ir. O que você acha disso?

Falei tudo isso sem olhar para ela, por isso não vi a cara de Maria Abandonada que ela fez.

- Angra dos Reis? Só os dois? E eu onde fico?

- Para falar a verdade, nem perguntei se somos nós dois, mas você está em período de aulas, e é claro que precisa ir ao colégio.

Disse atropeladamente, sem saber como me safar dessa, afinal não havia perguntado a ele sobre isso. Mas, bolas, eu queria ir só com ele, ela tinha quinze anos e meio, já era uma moça, podia ficar com a avó, minha mãe, que morava ali bem pertinho.

- Vou falar com vovó. Vamos ver o que ela tem a dizer sobre esse fato tão pitoresco!

Com esse diálogo ela pretendeu botar água na fervura de minha paixão, mas não deu certo. Estava mesmo decidida a viajar com ele agora. Era um passeiozinho até ali, alguns quilômetros. Nossa, era longe mesmo! Mas que nada. Iria sim.


Liguei para ele.

- Quando viajamos?

- Olha!  Veja bem. Não se zangue. Mas tomei a liberdade e já comprei as passagens de avião para amanhã às doze horas.

Esperou um pouco, por certo para ver minha reação. Afinal eu deveria ficar zangada com ele por ter tanta certeza de que eu aceitaria? Ri abertamente ao telefone. Menino levado!

- Amanhã! - disse eu - vou entregar um trabalho importante às oito horas, mas depois estarei livre.

- Ótimo! Pegarei você as oito e quinze, ok?

- Ok! Até amanhã então.

Nessa noite quando minha mãe ligou para ver se eu iria mesmo, e a que horas ela viria para tomar conta de minha filha, já estava com as malas prontas. Não foi difícil prepará-las, tudo fica fácil quando se está feliz.


Foi uma viagem agradável. Ficamos em um hotel em Angra dos Reis, tratados como recém casados. Fomos até o Rio, visitamos Copacabana, Ipanema, Búzios, e subimos até Teresópolis. Também visitamos o museu Imperial na cidade de Petrópolis. Foi um passeio lindo! No hotel, José abraçado em mim disse:

- Você é a pessoa mais importante de minha vida.


Voltamos do passeio muito felizes.

Quando chegamos, a saudade que a filha estava acabou com a zanga pela viagem. E lógico, os presentes ajudaram.

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