Abro a janela e olho o horizonte: um jardim de primavera. Deixo o meu rosto descrever a luz do campo dos girassóis:
“... Um campo de girassol / Parece um sol em poesia / Inundando de beleza /
com seu amarelo ouro / Enche os olhos de alegria.” (Helena Serena)
A primavera é como um girassol que envolve a todos com sua imponência, com seu porte majestoso e resistente que produz a flor, compondo a paisagem. E da janela reitero o desejo de um horizonte inatingível, como expressa Orides Fontela: “... variando de horizonte / porém sempre / andazmente fiel / fitando a luz intensamente...”
Girassol: flor do sol que no jardim de primavera exibe alegria com sua cor e fantasia; sua intrigante rotação, sempre voltada para o sol. O girassol é muito mais que uma flor, parece um carrossel que gira transmitindo sentimentos, emoções e ritmo, como nós, sempre em movimento, sem parar de experimentar a vida.
“Sempre que o sol / Pinta de anil / Todo céu / O girassol /
Fica um gentil carrossel //... - Roda, roda, carrossel //
Gira, gira, girassol / Redondinho como o céu / Marelinho como o sol. //
E o girassol vai girando dia afora...” (Vinícius de Morais)
Vejo a primavera como um girassol: com vida e dinamismo, que olha para os lados, para frente e atrás, relembrando a busca pelo novo e de como misturar a paisagem poética e a memória que traduz o lirismo:
“Corri a porta, mas não pude abri-la. / Tinha as mãos ocupadas /
Carregando flores. / Joguei-as fora e abri a porta. / Do outro lado /
Havia um enorme campo / de girassóis.” (Dalva Agnes Lynch)
A primavera é a estação que completa a paisagem, altera as imagens que por vezes revelam a condição humana, inusitada em flor de poesias, como na visão de Jorge Tuffic ao escrever “Desenho um girassol, / e o mundo todo / compreende, / mas não aplaude. // Escrevo um girassol, / e o mundo todo aplaude, / mas não compreende.”
Emoldurar a paisagem é revitalizar as palavras de Luiz Coronel: “Cada estação tem sua cena, que cabe numa moldura. A primavera é uma menina brincando de amarelinha...”
O bem e a beleza que há no jardim vêm do meu olhar quando vejo um girassol sorrindo ao sol. No mesmo instante a flor vai se inclinando sobre o meu espírito. Sinto-me como quem sempre as contempla na moldura da janela: a cor da flor.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
0
NA MOLDURA DA JANELA : A COR DA FLOR
autor(a): Tânia Du Bois
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário