segunda-feira, 26 de setembro de 2011

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Os Caminhos de Laura - Capítulo XLVIII

Fiquei em meu canto de dor pensando que o esteio que tive a meu lado se fora, e cada vez que queria me apoiar o chão se abria e o abismo de amargura se alargava. Meu coração magoado morria.
Um mês depois de ele nos abandonar eu estava arrumando gavetas, tirando coisas, mudando de lugar, jogando no lixo, e enquanto fazia isso as lágrimas desciam sem parar e a dor era imensa.
Minha filha chegou e perguntou:
- Que está fazendo? Por que está chorando tanto?
- Estou limpando gavetas.
- E isso a faz chorar?
- Estou arrancando pedaços de meu coração e de minha alma para jogar fora, e sempre que a gente tira pedaços da gente dói muito. São pedaços guardados durante dezoito anos de vida nessas gavetas e armários, magoa fundo ao se desfazer deles.
- Não chore mamãe! Tudo na vida passa. As coisas boas e as ruins. E por mais que não queiramos acreditar, na vida nada acontece por acaso.
- É! Eu sei! Mas enquanto essa mágoa aí estiver não poderei pensar direito. Daqui a pouco estarei melhor. Vai ver.
Os dias passaram e fui deixando de sofrer tanto. Uma noite sozinha olhando o mundo lá fora, lembrei-me daquele homem de olhos tristes e azuis que um dia apareceu em minha vida como algo bom e doce, e que suavemente entrou em minha casa e em meu coração, mas que o destino o fez me abandonar. E só nesse instante percebi que enquanto vivia minha vida com satisfação e alegria a seu lado, Luan não fora verdadeiramente feliz. Senti-me culpada e muito mal por isso. Mas acho que fiz o que pude por ele. Espero sinceramente ter feito.

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