segunda-feira, 5 de setembro de 2011

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Os Caminhos de Laura - Capítulo XLI

À tarde quando Luan passou por meu escritório ao término de seu expediente, pedi a ele para esperar, pois precisávamos conversar. Depois que meus funcionários saíram, entrei na questão de ele querer casar comigo, sem lhe contar sobre a visita de sua mãe nem especificar exatamente a palavra casamento. Ele ficou com os olhinhos azuis tão assustados que me deu pena.
- Por que você tocou nesse assunto?
- Porque se for isso que você quer, precisamos conversar seriamente! Sou uma mulher só, tenho uma filha quase de sua idade, sou independente, não preciso de nada nem de ninguém. Embora goste muito de você, não sei se nosso relacionamento pode ser da forma como você está pensando. Podemos até termos alguma coisa mais profunda, não tenho nada contra isso, mas morarmos juntos ficaria mais que estranho.
- Nada disso importa. – disse ele – gosto de você, na verdade amo você, quero ficar ao seu lado.
 E seu doce olhar azul, foi ficando verde ao chegar para perto e me dar um beijo. Não um beijo de amigo, mas um beijo de amor, de carinho.
Que coisa, pensei. Nada tenho a perder, é um rapaz delicado e doce. Sou adulta, “quase velha” como disse a mãe dele. Ele também é adulto. Ora. Que seja. Ir para a cama com ele não vai fazer mal a ninguém.
E naquele dia, após fechar o escritório, subimos para o meu apartamento e ficamos juntos até altas horas da noite, quando ele decidiu ir para sua casa, pois no dia seguinte precisávamos trabalhar.
Desde então, passamos a namorar. Namorados de verdade. Para espanto e maledicência de todos os fofoqueiros de plantão:
- Você viu? A Dra. Laura namorando! Quem diria!
- Depois de levar o fora do Dr. José devia ficar em seu canto, não acha?
Eu nem ligava para as fofocas.
Nas festas, nos bailes, nas ruas, lanchonetes, em todo lugar, todos nos viam juntos, abraçados, namorando. Era encantador irmos a lojas fazer compras, escolher coisas para ele ou para mim. Ríamos por qualquer coisa. Viramos crianças os dois.
Foi o desespero da mãe de Luan. Procurava-me, chorava e pedia, por favor, para que eu o deixasse. No entanto, em minha cabeça era apenas mais uma brincadeira da vida comigo. Luan logo iria enjoar como todos os homens enjoam de suas companheiras, e tudo ficaria bem.
Nesse ritmo de festa passaram-se quatro meses e chegaram minhas férias. Todos os anos, por muito tempo, minhas férias eram programadas para o mês de janeiro. Então, naquele ano como sempre, arrumei tudo para sair no dia trinta de dezembro. Passaria na casa de meu irmão que nessa época morava em um balneário no sul do país, onde ficaria até o final das férias.
Mas, não foi bem assim, porque Luan quis me acompanhar.
Bem! Que seja – pensei. E lá fomos os dois. Chegamos à praia, e como estava com ele não quis ir para a casa de meu irmão. Uma coisa era enfrentar a sociedade de minha cidade onde era uma figura respeitada. Outra era minha família! Afinal com dois relacionamentos fracassados tinha vergonha de me apresentar com mais um namorado. E ainda por cima, bem mais jovem que eu.
Aí optei por um camping onde tinha cabanas, não muito confortáveis, mas habitáveis. O importante era não dar de cara com meus sobrinhos ou meu irmão. Ficamos alguns dias por lá tentando ludibriar encontros não desejáveis. Foram dias lindos apesar de tudo. Na cabana com nenhuma privacidade, cada vez que fazíamos sexo precisávamos olhar bem se não tinha vizinhos olhando ou ouvindo. Divertíamo-nos muito com isso. E cada dia gostava mais do carinho e afeto que ele me dedicava. Mas continuava com meus sentimentos bloqueados, pensando que logo chegaria o dia em que apareceria uma linda moça, jovem e faceira e levaria o moço loiro e bonito com ela. Coisas doidas de um pensamento calejado pela vida.
Voltamos da praia no final de janeiro e cada um retomou seu trabalho. Só que Luan passou a morar definitivamente comigo.

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