sexta-feira, 14 de outubro de 2011

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Os Caminhos de Laura - Capítulo LII

Guilherme era um ano e meio mais velho que eu. Desde muito pequeno demonstrou ser folgazão, sem nenhum discernimento ou previsão de futuro. Não gostava de estudar, não se interessava pelas coisas sérias, vestia-se desleixadamente. Nunca foi aquele homem responsável que meu pai gostaria que ele tivesse sido, mas era honesto e de um coração de ouro. Não media esforços quando era para ajudar alguém. Se fosse necessário tirava a camisa do corpo para vestir quem precisasse. Casou cedo com uma moça da sociedade que minha mãe freqüentava. Era moça cheia de dengos e não me toques da qual me mantive distante por alguns anos. Tiveram três filhos, a última era uma menina e meu irmão me chamou para madrinha. Aí fui obrigada a estar mais por perto deles todos, já que a garotinha era uma graça e gostava imenso de brincar comigo sempre que podia.
Aos quarenta e cinco anos meu irmão descobriu que estava com um problema de coração. Sentia fortes dores no peito. Deixou de trabalhar e foi dilapidando a fortuna que papai deixou sob sua guarda. Vendia terras e bens e logo depois o dinheiro havia sumido sem saber para onde ia. Minha cunhada tão desmiolada quanto ele, nem se preocupava em ver que de onde só tira e nada se põe, logo esvazia.
Minha mãe sempre muito mimada por meu pai, não aprendeu e nunca se interessou em aprender administrar o dinheiro. Tanto que após poucos anos do falecimento de meu pai, ela já estava morando com meu irmão por não ter mais nada. A próspera fazenda de minha juventude se evaporou pelos desmandos de gastar sem olhar o valor que se gasta.
Meu pai estaria muito triste agora!
Guilherme faleceu aos cinqüenta e cinco anos. Uma noite adormeceu e não acordou mais.
Com a falta de meus entes mais queridos afastei-me de vez de todos os demais, e dediquei-me só a minha família. Marido e filhas.


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