terça-feira, 1 de novembro de 2011

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Os Caminhos de Laura - Capítulo LVIII

Hoje acordei com o coração pesado novamente. Parece que algum sonho mais ou menos triste abalou minha alegria provisória. Tentei lembrar o sonho, mas não consegui. Ficou apenas aquela sensação de peso e tristeza de quando a gente sofre uma perda de algo bom. O que seria? Outras vezes que isso aconteceu me trouxe dissabores que machucaram muito.
Quando tenho esses sonhos saio para um passeio, vou olhar vitrines, conversar com pessoas conhecidas ou não. Arrumei-me toda e saí.
Ao passar pela portaria o porteiro chamou:
- Dra. Laura! Soube do acidente?
- Qual deles? Tantos acidentes que acontecem!
- O do avião!
- Ah! Sim, certamente. Não se fala em outra coisa por aí.
- Lembra o Dr. Ricardo? Aquele que lhe mandou muitas flores?
- Mais ou menos!
- Ele estava no avião.
- Mesmo? Que fatalidade!
- Pois é! O filho veio dos Estados Unidos para reconhecimento do corpo. Muito triste!
- Você o conhecia bem? Ao Dr. Ricardo?
- Sim! Ele sempre vinha aqui olhar os apartamentos dele. Era boa gente. Era médico chefe de um dos Hospitais daqui.
- Médico?
Então era médico. Percebi o porquê da ironia dele na manhã em que lhe disse que os médicos marcam exames em horas detestáveis. Ele falou: "É! Os médicos são uns monstros." Sorri ao lembrar isso.
Virei e saí para meu passeio, não queria que o porteiro visse em meus olhos a tristeza causada pela notícia. Embora conhecesse pouco o tal Dr. Ricardo, ele foi alguém que se preocupou em me mandar flores por algum tempo.
No caminho fui pensando que apesar de parecer triste a outras pessoas, para Ricardo foi bom. Ele foi ao encontro que aguardava. Foi encontrar a esposa que o deixara há dez anos por determinação da vida.
E a vida é assim mesmo, eu acho.

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